Chegas sempre com as marés do final
da tarde. Uma canoa solta nas águas salgadas.
Primeiro são os olhos que se recusam ancorar
em ti, mas depois os dedos remam devagar
sobre a água tépida que a tua pele transpira.
Uma onda, duas, e o mar inteiro desequilibra
o meu navio.
Acende-se ao longe um farol. Mas não
queremos um cais sereno, uma margem tranquila
aonde chegar. O facho semeia promessas
sobre as vagas, promete a fuga à tormenta
que nos abala, que nos lança um contra o outro.
Mas não! Que se apague o farol. Que desapareça
o facho na escuridão letal.
São minhas as algas que te amarram o sossego,
que te prendem a respiração. Mas são nossas as velas
que se rasgam do mesmo vendaval.
Jorge Arrimar, Planalto da Huíla, Angola.
É impressionante como você descobre pérolas, Ci! Que Jorge maravilhoso é esse? E esses versos finais, nossa:
ResponderExcluirSão minhas as algas que te amarram o sossego,que te prendem a respiração. Mas são nossas as velas que se rasgam do mesmo vendaval.
E os olhos que se recusam a ancorar...ah, como poesia me alimenta a alma!!!
Beijos,
Vivo garimpando, Tânia, se não, como sobreviveria? A poesia, a literatura, são o meu pão de cada dia!!!
ResponderExcluirbeijoss
Ewá!!!
ResponderExcluirPoeta muangole aqui na Cirandeira.
Bonito e obrigado pela partilha e divulgacao do Arrimar, meu quase vizinho, ambos somos do Sul de Angola.
Kandandu
Nami
É um prazer e uma honra tê-los aqui e poder divulgá-los! O continente africano é um verdadeiro celeiro de poetas, escritores e artistas de um modo geral!
ExcluirKandandu, Nami
Beleza de poema, Cirandeira! Adorei.
ResponderExcluirBeijo grande.
Dade, nem imaginas a alegria que sinto em
Excluirte ver por aqui!! Obrigada pela visita.
Um grande beijo