Existem lugares que ao chegarmos pela primeira vez temos a nítida sensação de já conhecê-los, o mesmo acontece com determinadas pessoas: é cruzarmos o olhar e já nos conhecíamos desde sempre, não sabemos exatamente o porquê. E existem também alguns escritores que nos dão aquela sensação de terem tomado a nossa mão e escrito por nós, de tão familiares, de expressarem o que sentimos e pensamos. Julio Cortázar é um desses autores com quem me identifico, pela forma como escreve, como se estivesse conversando com a gente, seu texto flui com uma naturalidade ao mesmo tempo que nos mostra com maturidade e bom humor coisas aparentemente banais. Tenho-o sempre por perto, e cada vez que o relei-o é como se fosse a primeira vez, porque há sempre algo de novo que não havia percebido na vez anterior. Assim são os bons escritores, são inesgotáveis!
Dito tudo
não resta
evidentemente
nada a dizer
*
Dito tudo,
mas o quê?
Para saber
seria preciso situar-se
atrás do poema,
no não escrito,
coisa meio difícil.
*
Afinal de tudo
não resta nada.
*
Passando de uma coisa a outra,
outra coisa é brilhantina,
único fabricante Brancato.
*
Pensando bem,
não seria necessário
dizer o que disse antes, não é?
*
Desculpe, mas...
Quase sempre prelúdio
de algo indesculpável.
*
Sinto muito, mas...
Vamos, vamos.
Papéis Inesperados, publicado em 2009, vinte e cinco anos após a morte de Julio Cortázar, é uma coletânea de textos inéditos e dispersos, escritos pelo autor ao longo de sua vida.
Fan-tás-ti-co, Ci! Demais, demais. Beijos,
ResponderExcluirMUCHAS GRACIAS POR COMPARTIR ESTAS FRASES.
ResponderExcluirUN ABRAZO