Esfinges
Alguns, prudentes, não falam com estranhos.
Outros, muito práticos, dizem apenas o necessário
Para o bom andamento dos negócios.
Alguns, calmos e sérios, fecham portas e janelas.
Outros, afoitos, ou filhos de um deus sem-terra,
Oferecem biscoitos, talvez flores, e longa prosa.
De todos, quem sorri com mais dentes de ouro?
quem finge?
quem vê no espelho sua própria esfinge?
Pássaro de Vidro
o pássaro é cego
e cego é quem se agita
em seu espaço ambíguo
esse espaço
de incessante
tarde nua
onde o voo
risca um traço
branco
de vidro no vidro
Pássaro de vidro (2)
quanto mais escancaras
teu íntimo de vidro
quanto mais descortinas
o avesso dos sentidos
mais o que revelas
deixas escondido
Carlos Machado nasceu em Muritiba(BA) e reside na cidade de São Paulo. É autor dos livros de poemas Pássaro de Vidro e Tesoura Cega; é autor e editor do boletim semanal poesia.net
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