DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

13/11/2015

Dos pés à cabeça



 
Aquela que caminha sobre a cabeça talvez seja o espectro daquela que dorme numa caixa fechada entre vasos sanguíneos e sinapses intracranianas. Escrevi dorme? Absolutamente! - a ideia nunca dorme, tem medo de morrer - quando uma raiz emerge da terra enroscando-se na árvore ela não dá frutos, é estrangulada.
Os pés caminham sobre o chão seco, sob um sol escaldante a derreter seus miolos; o sol ilumina, mas também pode cegar, aquece, e pode queimar. Até aqui nada de novo, claro. Tantas coisas são óbvias, nem por isso evitamos os desastres, que de tão evidentes tornam-se imperceptíveis. Uma porção de terra isolada é chamada de ilha, um conjunto de ilhas chama-se arquipélago, mas cada ilha permanece em si mesma. Pode-se naufragar sem nunca ter entrado num navio. Uma cabeça pode pirar sem ser uma pira pra carregar a chama das ideias; pode desmoronar do alto do corpo e tornar-se apenas bruma pelo ar...
Os caminhos que a mente percorre são amplos e em permanente mutação...

2 comentários:

  1. Maravilloso texto, Cirandeira.

    Lo que creamos con nuestra mente se nutre de nuestra mirada exterior, pero también de la forma de mirar y sentir.

    Los ideas van de los pies a la cabeza buscando dejar huella, conmovernos obligándonos a seguir indagando con permiso de las musas...

    ... y a veces corren alrededor del corazón como perros asilvestrados buscando una salida, una rima o una prosa inolvidable.

    Muito obrigada por la aclaración sobre Andrade.

    Un beso,

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