Amanhece. Nada é igual, tudo difere. Nada mudou, mas o galo que anunciava a aurora desapareceu. E os quintais. Já as galinhas aumentaram exponencialmente. Nem por isso têm vez ou voz: geradas em chocadeiras industriais, são alimentadas compulsivamente vinte e quatro horas por dia, ininterruptamente. O galo de hoje é invisível, não canta mas continua dando ordens no grande terreiro nacional.
Escurece. Tudo é vazio e branco. Na linha do horizonte a palavra sumiu entre as paralelas linhas do caderno. O poema enamorou-se do silêncio, emaranhou-se
na madrugada fria e sonolenta. Teve um sono profundo. Desapareceu.
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