Queime tudo o que puder:
as cartas de amor as contas telefônicas
o rol de roupas sujas as escrituras e certidões
as inconfidências dos confrades ressentidos
a confissão interrompida
o poema erótico que ratifica a impotência e anuncia a arteriosclerose
os recortes antigos e as fotografias amareladas.
Não deixe aos herdeiros esfaimados
nenhuma herança de papel.
Seja como os lobos:
more num covil e só mostre à canalha das ruas os seus dentes afiados.
Viva e morra fechado como um caracol.
Diga sempre não à escória eletrônica.
Destrua os poemas inacabados, os rascunhos,
as variantes e os fragmentos
que provocam o orgasmo tardio dos filólogos e escoliastas.
Não deixe aos catadores do lixo literário nenhuma migalha.
Não confie a ninguém o seu segredo.
A verdade não pode ser dita.
Ledo Ivo - Maceió(AL), 1924-2012
Un poema lúcido, lleno de ironía. Me encantó.
ResponderExcluirMe río, Cirandella, porque no hace mucho hice limpieza de escritos, cartas, desahogos... Pensé que todo aquello si lo encontraran mis hijos fuera del contexto donde sucedió podía confundirlos.
Nadie conoce a nadie del todo, y mejor dejar el baúl limpio de posibles rastros con los que alguien imaginativo nos invente una nueva biografía.
Siempre digo que no miento, sólo que no digo toda la verdad, "A verdade não pode ser dita"
Un abrazo,