Em nosso país a vulgaridade é um título, a mediocridade um brasão; para os que têm a fortuna de não se alarem de uma esfera comum é que nos fornos do Estado se cose e tosta o apetitoso pão-de-ló, que é depois repartido por eles, para a glória de Deus e da pátria. Vai nisto um sentimento de caridade, ou, direi mesmo, um princípio de equidade e de justiça. Por toda a parte cabem regalias às inteligências que se aferem por um padrão superior: é bem que os que não se acham neste caso tenham o seu quinhão em qualquer ponto da terra. E
dão-lhe grosso e suculento, a bem de se lhes pagar as injúrias recebidas da
civilização.
Publicada no Diário do Rio de Janeiro, 01.11.1861
Joaquim Maria Machado de Assis, nasceu no Rio de Janeiro em 1839 e faleceu em 1908. Tinha apenas 22 anos quando escreveu essa crônica!
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