palavras em brasa queimam
o solo da garganta;
fagulhas de vocábulos espraiam-se
corpo adentro devastando
brotos incipientes desenraizados
solidão a pino corroendo o subsolo
da língua vibrante que estremece
entre vozes exangues
sol diluidor de palavras que
se evaporam no vendaval
de lembranças, tantas
solidão, areia
faca de amolar pedras
*****
Mergulho imperfeito
mergulho em ti
afogo meus desertos
na extensão de uma
língua curta e calada
sou tragada
pelas areias movediças
pelas águas escuras
da solidão
meu olhar desdobra-se
em espelhos quebrados
que refletem antigas quimeras
no lusco-fusco dos dias
*****
Por um fio
a faca
o fio afiado
água-lâmina
mãos que amolam
acariciam a navalha
cortam as entranhas
da carne em agonia
morte em sépia
arrastada pela dor
a espreitar da janela
o olhar cai sobre
um passado de sombras recicladas
Postado por cirandeira
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