Em Muriaé nasceram dois personagens ilustres, homônimos da obra de William Shakespeare, recriados pelo escritor mineiro Remo Mannarino (suspeito que ele também tenha nascido lá) em seu livro de contos " Hamlet e Macbeth nasceram em Muriaé". Remo também é autor do romance "O Homem Horizontal" e do blog que tem o mesmo nome, o qual tenho o prazer e a honra de acompanhar.
Com a palavra, quero dizer, com a pena, o Autor:
"Era véspera do grande dia, e João Palestino se preparava para dormir. O hotel, era só olhar os móveis do quarto, tinha lá sua classe, uma certa aristocracia que já não cabia naquele trecho envelhecido da velha Ipiranga, por cujas calçadas não se atrevera a caminhar. Tinha trazido um livro, A Correspondência de Fradique Mendes , de Eça de Queiroz, o encanto do estilo original, a ironia transbordando de cada frase e o anátema impiedoso das farsas que se constroem em nome dos costumes e do progresso.
Lia, porém, sem nenhuma atenção, pois estava preocupado com os eventos da manhã seguinte.
O Isidoro Tibiriçá, que toma dinheiro de todo mundo, iria dar-lhe um milhão de dólares? Nenhuma chance. Como se apresentaria no programa? Como professor de matemática ou como vigia? Melhor apresentar-se como vigia, pois o vexame haveria de ser menor, e as perguntas, quem sabe, mais fáceis. Era, na verdade, professor de matemática, uma profissão que chegou a exercer por acaso e da qual se considerava demitido para sempre. Por acaso, sim. Quando os postulantes se apresentaram para o examae, o diretor Vicente Severo, que era cheio de peripécias e artimanhas, propôs a questão absurda:
- A vaga de professor de matemática será do candidato que melhor explicar a contribuição de Soares Bastos para a correta flexão do infinitivo pessoal na língua portuguesa.
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Não há Paris, Nova York, Amsterdã ou Florença que, juntas ou separadas, se equiparem minimamente a Muriaé. Tal foi a conclusão do milionário, que, por estar assim decidido, renunciou definitivamente aos hotéis de 200 dólares e investiu toda a sua fortuna na aquisição e reforma do Colégio de Muriaé, cuja propriedade dividiu com Carlos Silvestre, pois, antes da sorte grande, tivera a sorte ainda maior de conhecer o amigo certo das horas incertas. João Palestino, versado em latim, gostava de usar diretamente as palavras que Cícero atribuiu a Ênio:
- Amicus certus in re incerta cernitur.
A direção do estabelecimento foi confiada aos irmãos Hamlet e Macbeth, filhos do meritíssimo juiz de direito..."
Do alto do Corcovado podemos, quem sabe, vislumbrar ao longe, a serra do Brigadeiro, na Zona da mata Mineira, onde está situada a cidade de Muriaé, banhada pelo rio que tem o mesmo nome. Pois é, no entroncamento das BR 116 e BR 393, divisa entre os Estados do Rio de janeiro e Espírito Santo, sim senhores (as), Muriaé, que na lígua dos índios Puris (seus primeiros habitantes), significa "sabor de cana doce", teve sua colonização iniciada através do comércio entre brancos e índios. Em 1865 a comarca de São Paulo de Muriaé foi elevada à categoria de cidade, mas somente em 1923 passou a ser chamada apenas de Muriaé.
Os cafezais de outrora, com seus ricos fazendeiros, deram lugar, hoje, para emergente indústria da confecção, que abastece uma grande parte do mercado nacional. A região
é permeada de lindas trilhas ecológicas, contendo ainda um pouco do que resta da Mata Atlântica, cheia de riachos, cachoeiras e quedas d'água.
Muita gentileza sua reproduzir um trecho do meu livro. Ficou linda a postagem sobre Muriaé. Você acrescentou informações sobre o nome (="sabor de cana doce") e sobre os índios puris, que nem os muriaenses costumam conhecer. Bela a mata que acrescentou ao texto! Estou recomendando seu blog para todos os amigos, especialmente os muriaenses.
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