Sonham as pulgas comprar um cão
e sonham os Joões-Ninguém deixar de ser pobres
Que algum dia mágico lhes traga a boa sorte,
que chova a cântaros a boa sorte.
Porém, a boa sorte não choveu ontem,
nem hoje, nem amanhã, nem nunca
Nem a chuvinha cai do céu, nem a boa sorte,
por muito que os Joões-Ninguém a chamem
Ainda que lhe acenem com a mão esquerda,
ou se levantem com o pé direito, ou comecem
o ano mudando de escova de dentes
Os Joões-Ninguém: os filhos de ninguém,
os donos de nada
Os Joões-Ninguém: os nenhuns, os sem nome,
correndo como lebres, morrendo a vida
Fodidos e refodidos
Aqueles que não são, ainda que sejam
Que não falam idiomas, apenas dialetos
Que não professam religião, apenas superstição
Que não fazem arte, apenas artesanato
Que não fazem cultura, apenas folclore
Que não são seres humanos, apenas recursos humanos
Que não têm rosto, apenas braços
Que não têm nome, apenas um número
Que não figuram na história universal,
apenas na crônica vermelha da imprensa local
Os Joões-Ninguém que custam menos
que a bala que os mata!
Tradução livre de "Los Nadies", de Eduardo Galeano, escritor uruguaio.
"A pobreza antes era considerada
ResponderExcluirobra de injustiça. O mundo moderno
considera a pobreza incapacidade."
(Eduardo Galeano )
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Sempre de olho nas novidades...
Parabéns pelas sempre ótimas postagens,
e obrigada pelos comentário no blog
dos Frutos de Fogo! Logo logo estaremos disponibilando o áudio de nosso trabalho...
Bj! Tau!
Sou um João que tenta ser alguém. fodida e refodida sempre.. rs
ResponderExcluirVocê sempre encontra coisas muito boas pra postar aqui.. vou seguir o blog.
beijones
O chamado "mundo moderno" é apenas uma questão de semântica, porque os donos do poder são os mesmos de antigamente. A exploração dos Joões-Ninguém continua, agora de maneira "moderna" e em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil,
ResponderExcluirainda encontramos condições de trabalho sub-humanas, de escravidão!Obrigada pelo comentário, Thaís.
Obrigada, Amanda. Assunto é o que não falta nessa imensidão de mundo! Estou tentando... Bjs
O João Ninguém, a Maria Ninguém e eu fico a me perguntar: e quem é "alguém" nesse mundo?
ResponderExcluirNINGUÉM!
Pobres e tolos mortais que somos!
Em "Tempos Modernos" do genial Carlitos temos o privilégio e o desprazer de ver ali a CARA DESSE INSENSATO MUNDO.
Amo demais esse espaço, amiga!!!Bjsss
Que bom, amiga. Sinto-me gratificada e honrada
ResponderExcluirde saber que este espaço tem proporcionado momentos agradáveis para alguma pessoas. És uma
dessas pessoas que sabem ser amáveis e gentis!
Muito obrigada, mesmo.
Mas existem muitos "alguém" nesse mundo, fazendo e acontecendo,por cima de paus e pedras! Os ninguém são a esmagadora maioria, mas existem aqueles que são mais ninguém do que outros, que vivem à margem da vida...Isso não podemos negar, porque estão nas ruas, pra todo mundo ver. Queiramos ou não...!
Ótimo texto de Eduardo Galeano, jornalista e escritor que realmente entende o ser humano anônimo e oprimido. Adoro seu livro "As Veias Abertas da América Latina", que, apesar de publicado já há vários anos, é das melhores reflexões sobre nós, latino americanos. Grande abraço!
ResponderExcluirÉ verdade, Cirandeira!
ResponderExcluirNo fundo, no fundo o que falta mesmo é a tal Solidariedade.
Beijinhos madrugadores!!!
wonderful to watch your webside !! come on to listen my new song !! good afternoon Cirandeira precious !!
ResponderExcluirAdoro Galeano.Solidariedade é algo mágico, e importante em todos nós e eu aqui encontrei muito mais do que isso.
ResponderExcluirObrigada amiga, adorei a poesia do gato, vou mandar fazer uma cópia grande e colocar onde eu possa ler todos os dias.
E aí, Maria!!!
ResponderExcluirBelíssimo texto e imagens... acho que muita gente não pensa nos joões-ninguém da vida porque é muito incomoda a possibilidade de, no final das contas, sermos apenas mais um. Nota 10!!!!
Bjão!
Sozinhos não somos ninguém, Cirandeira, mas juntos nós podemos transformar nossos sonhos em realidade... Sigo de olho nas novidades. Bj, Tau!
ResponderExcluirOI, vi seu post no blog da janaína e vim fazer uma visita por causa do nome "Cirandeira". É que estou publicando um livro infanto juvenil de teatro cujo título é "Cirandeira do Menino-Deus", pela Paulinas. Daí, adorei seu blog. Vou visitar mais vezes. Abraços
ResponderExcluirMultidões, Cirandeira. Fiquei angustiada. E pensar que desde que o mundo é mundo, é assim... Será que um dia o equilíbrio prevalecerá sobre o egoísmo e a ganância? Temos tanto ainda a aprender e caminhar...
ResponderExcluirBeijo.
é muito bom voltar ao teu blog.
ResponderExcluirUm blog bom de ler, bom de ver.
Gosto daqui.
Tenha uma ótima noite.
Maurizio
Que coisa boa de ler, Maurízio! Não imaginas
ResponderExcluircomo gosto de saber disso! É sempre bom receber
palavras de estímulo, sinto-me lisonjeada.
Obrigada. És muito bem vindo também.Volte sempre!
"Maria ninguém/ És Maria/ E és Maria meu bem/ Se eu sou João de Nada/ A Maria que é minha é Maria Ninguém..." Acho que é uma canção do maravilhoso Carlinhos Lyra.
ResponderExcluirVocê deve ter visto Cidadão Kane de Orson Welles...ali, Welles deixou também perfeitamente caracterizada a ilusão do poder. Quem faz o idioma de uma nação? Nós, o povo. E os poetas que moram em favelas, como Mestre Cartola morava, quem são eles? Nós, o povo. Dizem os estudiosos que os momentos mais cruciais da humanindade foram "os melhores" para que o povo explodisse em criatividade. Essa meia dúzia de tiranos jamais poderão controlar os anseios populares. Os Zés, Joões e Marias Ninguém continuarão a nascer a cada minuto, em todos os pontos do planeta e sobre todos eles estará a Mão do Criador a ampará-los.
UM ANO DE CIRANDEIRA/ Já passa da meia-noite...
COMEMOREMOS JUNTOS!!!
MUITOS ANOS VIRÃO!!!
Beijos dessa amiga das madrugadas!!!