"Retrato de Mulher", de Benedito José Tobias( 1894-1963)
Solano Trindade(ao centro), em Embu(SP) - 1969
Eita negro!
Quem foi que disse que a gente
não é gente?
Quem foi esse demente,
se tem olhos não vê...
Que foi que fizeste mano,
pra tanto falar assim?
- Plantei nos canaviais do nordeste
- E tu mano, o que fizeste?
- Eu pantei algodão nos campos do sul
pros homens de sangue azul,
que pagavam o meu trabalho
com surra de cipó-pau
- Basta mano, pra eu não chorar
- E tu Ana, conta-me tua vida
na senzala, no terreiro
- Eu...
cantei embolada pra sinhá dormir,
fiz tranças nela, pra sinhá sair...
Francisco Solano Trindade, nasceu em Recife(PE), em 1908. Poeta, folclorista, teatrólogo e pintor. Faleceu no Rio de Janeiro em 1974
O misto da dor,o labor e o prazer dos escravos.
ResponderExcluirBelísismo!
Abs!
Carol Sakurá
oi ,
ResponderExcluirLinda homenagem!
Raiz da gente nessa gente semente.
Arte e versos fortes.Tocantes.
Com carinho,
Cris
Apareça.
Olá, Cirandeira, quando vim seguir teu blog, o fiz para não perdê-la de vista. Porém hoje voltei para ver as ótimas postagens – com calma - e parei nesse poema forte, que em poucas palavras narra o sofrimento negro. Ao lê-lo, a emoção foi tomando corpo... Como puderam escravizar essa gente em seu próprio país e trazê-los para um trabalho escravo... Por essas e outras é que custo a acreditar, totalmente, no ser humano. Sou uma descrente.
ResponderExcluirBjs, estarei por aqui.
Tais luso