"Cena de candomblé", de Wilson Tibério(1923-2005)
TREZE
Cansado de ser servido em prantos
regados de cor e som
para comensais risonhos,
que dilaceram nossos valores
com os dentes afiados,
quero agora no momento lúcido,
gritar o necessário fato,
de que os treze ou treze
não nos diz nada além
do que vocês, caros convivas,
querem mostrar, encobrir, ostentar.
Criaram fotos coloridas, comemorações festivas,
toques de tambores e atabaques,
para mostrar que somos livres,
felizes, e aceitos.
Tolas mentiras!
Somos sim,
lascas de suor,
cortes de chicotes,
cheiros de fogão
entradas de serviço.
Precisamos fazer algo sim
para que ao invés
do paternalismo brutal
da gentil princesinha
haja a liberdade
de podermos realmente
abrir a porta desta senzala
para fazer a festa da cor real
do som dos atabaques
de danças e corpos
que rasgarão a noite,
os tempos,
no verdadeiro canto
da ABOLIÇÃO que ainda não houve.
De "O Arco-Íris Negro", de José Carlos LIMEIRA Marinho Santos, poeta baiano de Salvador(BA)
Boa noite!!!
ResponderExcluirMuito legal a pintura do artista... a poesia que trata de um tema tão delicado, vem em hora muito oportuna.
Bjão!