Jerusalém
Havia na cidade de Sijistán um senhor que estudava gramática. Certo dia, ele disse ao filho:
- Sempre que você quiser falar alguma coisa, consulte sempre a sua inteligência, pense a respeito com muito cuidado a fim de retificar a frase e somente então pronuncie as palavras, corretas e muito bem medidas.
Então, certo dia de inverno, enquanto ambos estavam sentados juntos diante de uma fogueira crepitante, uma brasa caiu no manto de seda com o qual o pai se cobria; ele estava distraído, mas o filho, que viu o ocorrido, calou-se por alguns instantes, pensativo, e depois disse:
- Papai, quero dizer uma coisa, o senhor me autoriza?
O pai respondeu:
- Se for verdade, fale.
O filho disse:
- Creio que seja verdade.
O pai disse:
- Fale.
O menino disse:
- Vejo algo vermelho.
O pai perguntou:
- O que é?
O menino respondeu:
- Uma brasa que caiu em seu manto!
Então o pai olhou para o manto, do qual uma parte já se queimara. Perguntou ao filho:
- E por que não me falou depressa?
O menino respondeu:
- Refletí a respeito como o senhor ordenou, em seguida retifiquei as palavras, e só então as pronunciei!
O pai jurou solenemente que nunca mais falaria sobre gramática.
Extraído de Histórias para ler sem pressa, escolhidas e traduzidas do árabe por Mamede Mustafa Jarouche, que obteve o Prêmio Jabuti pela tradução de "As mil e uma noites", diretamente do árabe para português.
:)
ResponderExcluirCirandeira,
Obrigado pelo sorriso que me proporcionou.
Beijo :)
Que bom! SORRIR É PRECISO...!!!!
ResponderExcluirBeijooo :))
cheguei cirandeira. :) também com saudades daqui. tenho vindo sempre que posso.
ResponderExcluiradorei isso. não existem mesmo verdades absolutas. também me fez sorrir. :) beijoos!
Adorei tua visita Nydia!!!
ResponderExcluirE é tão bom sorrir, faz um BEM DANADO de BOM!
Beijoos :) :)
Cirandeiramiga
ResponderExcluirFoi uma grande ideia ter-me deliciado com esta estória. «O pai jurou solenemente que nunca mais falaria de gramática». Pudera, não, quase ficara sem o manto que usava. As gargalhadas são obrigatórias perante isto. Por isso, gargalhei...
Amiga
Chego aqui por intermédio do nosso Amigo AC do INTERIORIDADES e estou muito satisfeito por te ter encontrado. O teu blogue é muito interessante, e bem escrito. O que, para mim, que sempre ganhei a vida a produzir prosa tão honesta quanto possível, (sou jornalista e dizem que também escritor, dizem…, e aos 69 anos não me sinto velho) é motivo acrescido de satisfação. Mas sou também alegre, bem disposto, brincalhão, adoro viver assim, adoro a minha família.
Espero que me retribuas a visita e deixes comentários na Minha Travessa. E, já agora, que te tornes minha (per)seguidora. Não é pedir muito… Obrigado
Qjs = queijinhos = beijinhos
NB – Peço-te desculpa por este comentário ser tão longo; mas tenho de referir que é um texto base, ainda que com algumas apreciações individuais e específicas. Infelizmente não sou dono do tempo, e a sê-lo seria uma chatice… Para que não haja dúvidas. Mas, é sincero.
Henrique, seja muito bem vindo e obrigada pelo comentário, não achei extenso não, é até bom receber um comentário tão simpático e elogioso.
ResponderExcluirGosto muito do blog de Agostinho e sendo indicada por ele, me sinto até "cheia de dedos"! rrrsss
Prometo visitá-lo brevemente...
Abraços