DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

02/11/2010

Olhares...






Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não veem olhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns veem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.


Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns veem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos
que ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moínhos
Dom Quixote vê gigantes.


Vê moínhos? São moínhos.
Vê gigantes? São gigantes.



Antonio Gedeão, pseudônimo de Rômulo Vasco da Gama de Carvalho, Lisboa (1906-1997)

5 comentários:

  1. Há, no olhar de cada um de nós, o depositário de mil e uma vivências, aprendizagens, convicções...
    Às vezes os olhares cruzam-se, outras caminham paralelamente, outras ainda distanciam-se irremediavelmente...

    Beijo :)

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  2. Nossos próprios olhos veem diferente, coisas de
    antanho! Olhares diferentes podem ver a mesma coisa sob ângulos diversos...

    Beijo :)

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  3. Bela postagem com dois olhares somados aos tantos que se multiplicam no poema.

    Vejo ora gigantes, ora moinhos.

    Beijo.

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  4. vejo nada vejo vento vejo o vazio violento vejo tudo as pupilas pulam loucas dilatadas veja bem veja só não há nada tão pior

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  5. Pode ser não pode isto é quero dizer não é nada
    disso pois não é seu zé vou vivendo como posso
    no fosso no precípício por um fio por um triz!

    Quem dá mais?

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