Morte
Que esforço!
Que esforço do cavalo para ser cachorro!
Que esforço do cachorro para ser andorinha!
Que esforço da andorinha para ser abelha!
Que esforço da abelha para ser cavalo!
E o cavalo,
que flecha aguda ele extrai da rosa!
Que rosa cinza ele levanta de seu focinho!
E a rosa,
que rebanho de luz e de gritos
ela liga ao suco vivo de seu talho!
E o açúcar,
que pequenos punhais ele sonha acordado!
E os minúsculos punhais,
que lua sem estábulo, que nus,
pele eterna e rubor eles procuram!
E entre os toldos,
que Serafim de chama eu procuro, e sou?
Federico Garcia Lorca, Granada(Espanha), 1898-1936
Lorca é um velho amor meu. Muito meu, Cirandeira. A dor sempre acompanha a sua leitura. Poetas não deveriam morrer, como as mães de Drummond, ainda mais daquela forma. Lorca é um menino que soprou leveza nas palavras e depois voou pra tão longe que a suadade dele é sempre chama.
ResponderExcluirÉ verdade, Rita. Ainda bem que nos ficou pelo menos a poesia deles.
ResponderExcluirTeu comentário está tão poético, poeta!Uma chama realimentando as outras...!
beijos
EXCELENTÍSIMO TEXTO!!! GRACIAS POR COMPARTIR.
ResponderExcluirUN ABRAZO