Pedras esbranquiçadas cada ano mais numerosas. Vale dizer cada instante. No caminho certo
se persistirem para enterrar tudo. Primeira zona já mais extensa do que à primeira vista mal
vista e cada ano um pouco mais. Espetáculo tocante sob a luz esses milhões de minúsculos sepulcros cada um único. Pouco porém com o que se consolar dela. A ser abandonado portanto
ao final pelo outro mal nomeado campo. Clorótico pasto salpicado de placas esbranquiçadas onde a relva abandonou o chão gredoso. Contemplando o calcário que aflora o olho se refaz de
sua pena. Por toda a parte a pedra invade. A brancura. Cada ano um pouco mais. Vale dizer cada instante. Por toda a parte cada instante a brancura invade.
Samuel Beckett, em Mal visto mal dito - Ed. Martins Fontes - São Paulo, 2008
bela recolha.
ResponderExcluireu era menino e me lembro de bibi ferreira falando de beckett na televisão.
só a título de informação desnecessária, eu nasci num lugar com nome de pedra, cirandeira.
pedra corrida, às margens de um rio, lá em minas gerais.
desde nascido, que carrego pedras nos bolsos e no olhar.
nasceste então em um lugar de nome muito bonito, roberto!
Excluireu carrego muitas pedras: nas costas, na bolsa, na cabeça, e de quebra, ainda tem
aquelas outras que a gente sempre encontra pelo caminho ... :)
beijoss
DEFINITIVAMENTE, LA NATURALEZA SABE SEÑALIZAR LAS COSAS.
ResponderExcluirUN ABRAZO
La naturaleza es siempre sábia!!
Excluirun abrazo