Saí fechando a porta, ouvindo os tiquetaques todos. Olhei para trás, para a vitrine. Ele me observava detrás da divisória. Havia uns doze relógios na vitrine, marcando doze horas diferentes, cada um deles com a mesma convicção determinada e contraditória que o meu manifestava, mesmo sem ponteiros. Um contradizendo o outro. Eu ouvia o meu, ainda a tiquetaquear no meu bolso, muito embora ninguém o visse, muito embora mesmo se o vissem ele não poderia dizer nada a ninguém.
E assim eu disse a mim mesmo para escolher aquele. Porque o pai disse que os relógios matam o tempo. Ele disse o tempo morre sempre que é medido em estalidos por pequenas engrenagens, é só quando o relógio para que que o tempo vive. Os ponteiros estavam estendidos, desviando-se um pouco da horizontal, formando um leve ângulo, como uma gaivota planando no vento.
William Faulkner, em O Som e a Fúria
O famoso O Som e a Fúria de Falkner que eu, infelizmente, fico protelando e não leio. Ai de mim, minha amiga, sou uma penélope bem cansadinha, andei muito hoje por essas ruas tumultuadas da cidade, muito calor...
ResponderExcluirNão encontrei nenhum comentário seu, Ci.Não sei, tem um anônimo por aqui que deve mexer nas configurações do meu blog (coisa mais chata é anônimo!)e que, desocupado que é, vive me mandando comentários da pesada, impublicáveis mesmo. Você sabe, jamais, em hipótese alguma, eu deixaria de liberar um comentário seu, nem que você me desse a maior bronca pelas bobagenzinhas que escrevo[risos].
Um boa noite pra você, minha rainha dos layouts mais incríveis da blogosfera!(adorei esse aí de cima!)
UNA VERDADERA JOYA DEL TIEMPO. ME ENCANTA ESTE TEXTO.
ResponderExcluirUN ABRAZO
Van, "O Som e a Fúria" é um livro excelente,
ResponderExcluirembora sua leitura a princípio não seja muito
fácil. Faulkner escrevia de uma forma que ainda hoje é revolucionária para os padrões
da escrita. Ele e Joyce realmente "quebraram"
e acrescentaram outras formas à literatura,
abriram novos caminhos!Vale a pena ler!
Não acho que escreves "bobagenzinhas", não, ao
contrário, gosto muito do que escreves. Podemos até ter visões diferentes em alguns pontos de vista, mas tenho o maior respeito por
ti.
Obrigada pelo comentário
um cheiro
Ah, isso é mesmo fantástico, Ci: o tempo aprisionado deixa de existir, verdade. É preciso (penso sempre) dar ao tempo o tempo que ele precisa. Você é, não duvide, uma caçadora de pérolas.
ResponderExcluirbeijos,
Pois eu me sinto uma ostra, Tania :))
Excluirbeijoss
Tenho esse livro, Ci.
ResponderExcluirAinda está na fila.
Fiquei com mais vontade de ler.
Beijoss
Tive um pouco de trabalho até conseguir desacostumar-me daquelas leituras lineares a
ResponderExcluirque estava habituada. Ele escreve como se estivesse pensando em voz alta, dessarruma
tudo, mas aos poucos fui conseguindo entender
a linguagem dele. É fantástico, assim como é
também "Enquanto agonizo".
Que bom que te deu mais vontade de ler, vale a pena!
beijoss
Lindíssimo Ci! Pensar no tempo com o tempo correndo e eu correndo no tempo! Loucura... obrigada por compartilhar um pouco de beleza nesta loucura!
ResponderExcluir#Ando meio sumida. Sorry! É o tempo agonizando nos meus ponteiros...
Beijo!