DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

12/09/2012

O relógio




Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.

Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.

Umas vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.

Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;

e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade
João Cabral de Melo Neto

9 comentários:

  1. Um mestre, não, Ci? Bichos palpitantes me arrodeiam sempre... :-)
    Beijos,

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    1. Um mestre que gosto muito, lá de dentro do meu coração, bicho pulsante!

      beijoss

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  2. EXCELENTE PLANTEAMIENTO. ME GUSTA.
    UN ABRAZO

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  3. Mas só poderia ser do João Cabral, esse Mestre da palavra, esse Poeta que transcendeu ao tempo.
    Ci, você me deixa arrebatada com suas escolhas.
    No layout, aquela foto, meio luz, meio penumbra, é sua? Muito boa!
    Um fim de semana dos melhores,amiga!Beijos!

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    1. Mas que alegria te ver por aqui!
      Essa foto é a sombra de uma assombração :)!!rsrsrs

      beijos, querida "sumida"!

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  4. Tic-tac, tic-tac. Relógio é como bumbo do coração. Tá sempre em nós.

    Beijo!

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    1. O coração faz o sangue fluir pelo nosso
      corpo; o relógio muitas vezes impede os
      batimentos dele, acho :)

      beijoss, Tatiana

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  5. Legal a ilustração que usaste em conjunção com o poema.
    O finalzinho do poema é o máximo, pois fala da "continuidade" do canto, mesmo engaiolados, cantamos. Valeu, amiga!

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