Rio de Janeiro, 1954
O carnaval é uma festa que remonta à Antiguidade. Acredita-se que as primeiras referências que se tem notícia estejam ligadas às festas agrárias, que aconteciam com a chegada da primavera. Após um longo período de recolhimento para se protegerem do frio, as pessoas (pasmem!) saíam das cavernas para comemorar a chegada do sol. Era a época da colheita e do plantio e todos cantavam e dançavam para espantar os "maus espíritos". Em Roma, havia as Saturnálias, festa que homenageava Saturno, o deus da agricultura. Segundo a lenda, Saturno pregava a igualdade entre os homens e defendia a humanização dos deuses. Talvez por isso tenha sido expulso do Olimpo. Durante as Saturnálias os escravos assumiam o lugar dos senhores da aristocracia, os tribunais e as escolas não funcionavam, todas convenções sociais eram abolidas, e eles podiam cantar, dançar e até fazer pilhérias com os senhores. Tudo era permitido. Por volta do século XVI os portugueses começaram a praticar o "entrudo", brincadeiras que variavam de um lugar para outro; confeccionavam grandes bonecos de pano e lançavam entre si os "limões de cheiro"(pequenas bolas de cera com água perfumada em seu interior), costume oriundo de Paris. A partir do século XIX começaram a aparecer no Rio de Janeiro duas categorias de "entrudo": o familiar e o popular. O primeiro, acontecia nas casas dos senhores dos principais centros urbanos e consistia em lançar os "limões" entre si, num clima de descontração e como uma forma de estreitar os relacionamentos. Muitos escravos os vendiam em tabuleiros nas ruas do Rio antigo. Já o "entrudo popular" era praticado pelo povão e pelos escravos; ao contrário do "familiar", era recheado de qualquer tipo de líquido, contendo às vezes urina ou sêmen. A partir de 1830, a igreja deu início a uma campanha para acabar com esse tipo de brincadeira, mas suas tentativas foram infrutíferas. Ainda hoje podemos encontrar em várias cidades esse tipo de brincadeira, inclusive nos carnavais de Recife e Olinda("mela-mela"), em Salvador("pipoca") e em muitas cidades do interior. No final do século XIX já passamos a encontrar uma certa organização de grupos carnavalescos chamados de "cordões", "ranchos" ou "blocos", que ocupavam as ruas do Rio de Janeiro, servindo de modelo para o resto do Brasil. Em 1890 a compositora Chiquinha Gonzaga escreveu a primeira música para o carnaval , a marchinha "Ô Abre Alas!", para o cordão "Rosas de Ouro". Os foliões, como eram chamados, frequentavam os bailes fantasiados, usando máscaras e disfarces inspirados nos bailes de máscaras parisienses. Atualmente, no Rio, em São Paulo e em muitas cidades brasileiras, as escolas de samba fazem desfiles organizados, criando uma acirrada disputa para a escolha da melhor escola do ano. Existe uma verdadeira indústria do carnaval e muita gente trabalha o ano inteiro pra juntar dinheiro, comprar sua fantasia e desfilar numa escola de samba. É o seu sonho de consumo. A maioria das escolas convida estrelas da televisão para desfilarem, na tentativa de ganhar pontos para serem classificadas. Hoje o carnaval é muito mais um espetáculo televisivo do que aquela brincadeira de outrora.
O carnem levare ou carnelevarium, palavra latina que significa "adeus à carne", há muito tempo perdeu este sentido. Tratava-se de uma alusão a abstinência de carne logo após os 4 dias de festa. Durante 40 dias a igreja determinava que os cristãos estavam proibidos de consumir carne. Era a quaresma ! Fora do eixo Rio-São Paulo, ainda encontramos um carnaval que foge a esse padrão de escola de samba; em cidades como Recife e Olinda as pessoas saem às ruas para dançar em blocos, em ritmo do frevo e do maracatu. Em Salvador existem os trios elétricos(grandes carros equipados com alta tecnologia musical), com músicas dançantes de cantores e grupos da região.
Não fosse tanta violência..., o carnaval só me deixou saudades!!!
Passei aqui esperando encontrar algo assim, e encontrei! rs Beijos
ResponderExcluirMUCHAS GRACIAS POR ESTA RESEÑA MUY INTERESANTE.
ResponderExcluirBESOS