DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

06/03/2014

"O louco dos livros"


Albrecht Dürer


No primeiro século da era cristã, o filósofo latino Sêneca denunciava o acúmulo exibicionista de livros:
"Muita gente sem educação escolar usa livros não como instrumento de estudo, mas como decoração para a sala de jantar".  Em 1509, o humanista Geiler von Kaysersberg afirmava que:  "Aquele que quer livros para ganhar fama deve aprender algo com eles;  não deve armazená-los em sua biblioteca, mas na cabeça. Mas este primeiro louco pôs seus livros em correntes e fez deles prisioneiro;  se pudessem se libertar e falar (os livros),  arrastariam-no até o juiz,  exigindo que ele,  e não eles,  fosse encarcerado".
Na Grécia, em Roma e Bizâncio, o poeta erudito - o doctus poeta,  representado segurando uma tabuleta ou um rolo - foi considerado um modelo,  mas esse papel estava destinado aos mortais.  Os deuses jamais se ocupavam de literatura; as divindades  gregas e   latinas jamais eram mostradas segurando um livro.  O cristianismo foi a primeira religião a por um livro nas mãos de seu deus e, a partir da metade do século XIV, o livro emblemático cristão passou a ser acompanhado por outra imagem - a dos óculos.
 
 
Alberto Manguel em Uma História da Leitura

2 comentários:

  1. UFFFFFFF, UN CONCEPTO QUE ME DEJÓ PENSANDO. EXCELENTE.
    UN ABRAZO

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  2. Ci,
    O ser humano tem muitas feridas onde pôr o dedo. :)

    Beijo :)

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