uma microfísica dor
aprisionou-me
turvando as estrelas
aprofundando a noite
não vi o leito
daquele rio
caudaloso e querido
plásticos garrafas
sem mensagens
conduziram o cortejo
do seu corpo ao cemitério:
descampados
bancos de areia
barcos encalhados
adeus currais de peixes
lavadeiras no cais
mãe d'água
cabeça-de-cuia
no calhau da seca transborda
meu peito nas águas da memória
da magia das lendas
contadas à boca noite
meu coração disparado
adentra meu corpo
feito bicho assustado
fora de casa
água que era sangue
transformada em
carne seca
areia desértica
e o poema tenta navegar
sobre a aridez da carne
o ermo das palavras
em suas margens
assoreadas
UN POEMA TREMEDAMENTE REFLEXIVO. MUEVE FIBRAS.
ResponderExcluirUN ABRAZO
Tão lindo, tão memória, tão nostálgico...
ResponderExcluirBeijos,