DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

14/10/2014

Conto em gotas (continuação)




 
 
Segunda gota

 
Seguindo aquela algaravia musical olhou pro alto e foi seguindo o voo dos pássaros. Ao passar por uma transversal de palavras parou, precisava alinhar alguns vocábulos de asas caídas; estavam muito machucados, cheios de hematomas provocados por uma discussão com um grupo de expressões vulgares. Após alojá-los confortavelmente, arrancou-lhes as penas ensanguentadas, envolveu-os com uma fina camada de carinho; em seguida, jogou sobre eles um balde de adjetivos para protegê-los do vazio que os rondava. Agora seria apenas uma questão de tempo para compreender a melodia da linguagem às vezes triste, outras sem ritmo sem cor sem nexo aparente. Aprenderia algum dia o som de sua língua?

4 comentários:

  1. Bom dia, amiga!
    Poesia é essa aqui, o que eu faço no fragmentos é falar sozinha, é uma tentativa de espantar os fantasmas. Bem, mas se você gostou, só tenho que ficar grata.
    Os caminhos a seguir nesse layout...qual será o melhor?
    Beijinhos, Ci!

    ResponderExcluir
  2. Quer dizer que gostaste de degustar o pastelzinho de queijo? [risos]
    Pois saiba que já pedi ao Viviani para te convidar (eu ia dizer intimar) para participares desse evento do Prosas e Versos que é muito gratificante e, principalmente, consegue reunir as várias e melhores tendências literárias da blogosfera.
    "Ao passar por uma transversal de palavras, parou..."
    Li, reli e voei junto com esse incrível pássaro...
    Vamos nessa, Ci! Bjssss

    ResponderExcluir
  3. Nossa, essa segunda gota exala poesia!!!! Vocábulos de asas caídas....um conto poético, de encantar quem lê! Muito lindo, Ci, muito sensível....

    Beijos, querida!

    ResponderExcluir