Van Gogh
O pobre homem
não me pode fazer isto.
Perante a sua paleta grosseira
dissipa-se
em mim qualquer bela
perspectiva de vida. Ó, a frieza
com que pintou a obra da sua vida!
Pintava com correção excessiva.
Se alguém se quiser achar importante
na exposição, sentirá um aperto
perante o movimento deste pincel.
Medonho como estes campos, prados, árvores
tiram à noite, como penosos sonhos,
o sono. Grande respeito porém
merecem fogosas obras artísticas,
um quadro onde vemos, por exemplo,
no círculo do manicômio loucos.
A queimadura do sol, o ar, a terra, o vento
representou, sem dúvida, excepcionalmente.
Mas depressa desviamos os olhos
de tal força masoquista
em obras meramente satisfatórias.
Fica-se
horrorizado quando
a arte não consegue nada mais belo
do que revelar o seu ter, dever, querer
perante as almas que a olham.
Desejo, quando olho um quadro
ser acariciado como que por uma bela fada,
vai, vai-te
embora, adeus!
não me pode fazer isto.
Perante a sua paleta grosseira
dissipa-se
em mim qualquer bela
perspectiva de vida. Ó, a frieza
com que pintou a obra da sua vida!
Pintava com correção excessiva.
Se alguém se quiser achar importante
na exposição, sentirá um aperto
perante o movimento deste pincel.
Medonho como estes campos, prados, árvores
tiram à noite, como penosos sonhos,
o sono. Grande respeito porém
merecem fogosas obras artísticas,
um quadro onde vemos, por exemplo,
no círculo do manicômio loucos.
A queimadura do sol, o ar, a terra, o vento
representou, sem dúvida, excepcionalmente.
Mas depressa desviamos os olhos
de tal força masoquista
em obras meramente satisfatórias.
Fica-se
horrorizado quando
a arte não consegue nada mais belo
do que revelar o seu ter, dever, querer
perante as almas que a olham.
Desejo, quando olho um quadro
ser acariciado como que por uma bela fada,
vai, vai-te
embora, adeus!
Extraído de Histórias de Imagens, de Robert Walser - Editora Cotovia - Tradução de Pedro Sepúlveda - Portugal