DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

25/08/2016

Qual o poder da leitura nestes tempos difíceis?


 
 
Hoje, podemos dizer que o mundo inteiro é um "espaço em crise". Uma crise se estabelece de fato quando transformações de caráter brutal - mesmo se preparadas há tempos, - ou ainda uma violência permanente e generalizada,
tornam extensamente inoperantes os modos de regulamentação, sociais e psíquicos, que até então estavam sendo praticados. Ora, a aceleração das transformações, o crescimento das desigualdades, das disparidades, a exten-
são das migrações alteraram ou fizeram desaparecer os parâmetros nos
quais a vida se desenvolvia, vulnerabilizando homens, mulheres e crianças, de
maneira bastante distinta, de acordo com os recursos materiais, culturais, afe-
tivos de que dispõem e segundo o lugar onde vivem.
[...]
Em tais contextos, crianças, adolescentes e adultos poderiam redescobrir o papel dessa atividade na reconstrução de si mesmos e, além disso, a con
tribuição única da literatura e da arte para a atividade psíquica. Para a vi-
da, em suma. A hipótese parecerá paradoxal em uma época de mutações
tecnológicas na qual é a eventual diminuição da prática da leitura o que
preocupa. Parecerá mais audaciosa, até mesmo incoerente, visto que o gosto
pela leitura e a sua prática são, em grande medida, socialmente construídos.
[...] A leitura é uma arte que se transmite, mais do que se ensina, é o que
demonstram vários estudos. Estes revelam que a transmissão no seio da
família permanece a mais frequente. Na maioria da vezes, tornamo-nos lei
tores porque vimos nossa mãe ou nosso pai mergulhado nos livros quando
éramos pequenos, porque os ouvimos ler histórias ou porque as obras que
tínhamos em casa eram tema de conversa.
 
 
Trechos do livro A arte de ler, da antropóloga francesa Michele Petit pesquisadora do Laboratório de Dinâmicas Sociais do Centre National de la
Recherche Scientifique, na França.

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