DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

22/01/2017

Pequena coletânea de poetas piauienses


 
 
Desconstrução
 
O poema é um vazio
no rosto indignado do poeta
O poeta deve esse chamado
ao vento favorável
às histórias antigas
e às pernas
 
Pétalas, céu, sonhos e homens
tudo é vazio e desconhecido
pretextos perfeitos para poemas

E quando vierem perguntar
coisas sobre profissões
responda como poeta
explique por horóscopos, aforismos ou luar
 
Se perguntarem ainda se andas enlouquecendo
acrescente: "estou enriquecendo"


Lívia Maria nasceu em União(PI) em 2000. É estudante do 1º ano do Ensino Médio. Reside em Teresina(PI)
 
 
***
 
Quase poema 1
 
Procuro um poema,
Novo, derramando sangue,
Cheirando mal.
Procuro um poema
Com a cor do sol,
O brilho da tua pele
Com sabor de língua.
 
Quase poema 2
 
Possuo um poema
De carne e osso,
Sem coração.
Porão
Onde escondo
Medos e
Disfarces.
 
Quase poema 3
 
A palavra acesa
Um poema que fere.
Meu corpo,
Estendido nos braços
De um verso em construção
Grita rimas sem cor.
 
Ednólia Santos é natural de Cocal. Tem publicado o livro Poemas que neguei
entre caminhos.
 
 
***
 
Cantiga
 
O meu boi não morreu,
Se escondeu dentro de mim,
No carrascal dos desejos,
Sem água, sem sal, sem capim.
Seu chocalho ouço a distância
Vejo seus rastros no asfalto,
Rumino com ele as agruras
Da vida nos sobressaltos.
 
Não mando ninguém buscar outro,
Escrevo assim meu destino
Meu sangue rubro, ladino,
Me fez selar o cavalo
Encher o peito e partir:
- Vou rastejar o meu boi
Nas soltas do Piauí.
 
Leandro Fernandes, é poeta e médico cardiologista. Nasceu na capital, Teresina. É autor de "Lampião: A medicina e o cangaço" (em parceria com Antônio Amaury Correa de Araújo)
 
***
 
Procurador de enigmas
 
Parei o tempo.
Ele não parou por mim!
[tão de repente tão leve sono
no imponderável (?)]
Nem poderia paralisar-se,
porque fiquei no tempo
como carrossel ilhado
[querendo não passar
querendo não acabar
no enigma do sonho inviolável (?)]
 
O tempo não parou para mim!
Ele não aparou os seus fantasmas
na vivenda dos mistérios
sempre em oferenda.
 
Procurador do seu destino miserável,
o tempo enterrou-se em mim.
 
Diego Mendes Sousa nasceu em Parnaíba em 1989. Tem vários livros de poesias publicados, entre eles Metafísica do encanto, Candelabro de álamo,
Fogo de Alabastro.
 
***
 
Crachá liberal
 
Isolam velhos
E dão-lhes crachás
De trânsito livre
 
Província submersa
 
Aqui tudo me desconhece
E me parece estranho
Sinto que algo se perdeu
Entre concreto, insensatez
E abandono
 
Paulo Tabatinga é natural de Teresina. Além de poeta é fotógrafo e cinegrafista.
 
 
 Extraído do livro Baião de Todos - Edição comemorativa - FUNDAPI


2 comentários:

  1. Ah, los poetas, esos soñadores capaces de hacer que la vide rime,
    de condensar un mundo en un verso.

    Me encanta la poesía, y he disfrutado con esta muestra, me gustó sobre todo "Cantiga"

    Un placer pasar por aquí.

    Muchos besos,

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