A artista Ana Norogrando definiu como “estarrecedora” a polêmica criada em torno da exposição, “sob a égide de um discurso moralista baseado na intolerância, no preconceito e na inveja”. Para ela, a decisão do Santander Cultural em cancelar a exposição é “uma guinada à Idade Média”.
“Algumas pessoas intolerantes, em sua maioria jovens, evidenciam desconhecimento total da arte, suas manifestações e história. Resultado de nossa educação! Seres humanos insensíveis à diversidade! Lembro de meu tempo na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), interior do RS. Há 30 anos atrás já convivíamos com a pluralidade de modo natural, fazia parte de nossa vida! Então, é assombroso assistir tudo isso, hoje, no século XXI”, escreveu ela em seu post.
Ana Norogrando pondera que a temática da exposição queer não é nem sequer inovadora e que a proposta da curadoria não é “fechada”, o que abre a possibilidade para outras visões sobre o tema, a exemplo de outros museus do mundo que já fizeram exposições sobre o mesmo tema.
“A temática Queer não é inovadora, pelo menos para quem conhece um pouco mais. É um tema já muito trabalhado e publicado internacionalmente, inclusive na moda. O mérito da exposição é olhar por este tema a Arte no Brasil. Assim, quanto mais projetos e ações efetivas houverem para a visibilidade da Arte Brasileira, melhor! Façamos!”, afirmou.
Já a ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda comparou o episódio com a peça de teatro Roda Viva, proibida pela ditadura civil-militar, em 1968, após atos de violência cometidos contra o elenco por integrantes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC).
“Algumas pessoas intolerantes, em sua maioria jovens, evidenciam desconhecimento total da arte, suas manifestações e história. Resultado de nossa educação! Seres humanos insensíveis à diversidade! Lembro de meu tempo na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), interior do RS. Há 30 anos atrás já convivíamos com a pluralidade de modo natural, fazia parte de nossa vida! Então, é assombroso assistir tudo isso, hoje, no século XXI”, escreveu ela em seu post.
Ana Norogrando pondera que a temática da exposição queer não é nem sequer inovadora e que a proposta da curadoria não é “fechada”, o que abre a possibilidade para outras visões sobre o tema, a exemplo de outros museus do mundo que já fizeram exposições sobre o mesmo tema.
“A temática Queer não é inovadora, pelo menos para quem conhece um pouco mais. É um tema já muito trabalhado e publicado internacionalmente, inclusive na moda. O mérito da exposição é olhar por este tema a Arte no Brasil. Assim, quanto mais projetos e ações efetivas houverem para a visibilidade da Arte Brasileira, melhor! Façamos!”, afirmou.
Já a ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda comparou o episódio com a peça de teatro Roda Viva, proibida pela ditadura civil-militar, em 1968, após atos de violência cometidos contra o elenco por integrantes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC).
Adriana Varejão
Fernando Baril
Bia Leite
Ana Norogrando
Uma horda de nazistas pasta em Porto Alegre
Nazistas promoviam a queima de livros e se esmeraram em condenar as artes “degeneradas”, assim como fez um grupo de gaúchos a propósito de uma exposição sobre diversidade sexual
reprodução/Arquitetura da destruição
Obras abstratas, impressionista ou produzidas por judeus eram classificadas como "arte degenerada" pelos nazistas
Soube que o espaço Santander Cultural antecipou o fim de sua exposição artística Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira porque os fanáticos do movimento MBL a atacaram, e atacaram seus frequentadores. Que estes herdeiros dos Freikorps futuramente hitleristas – base que foram dos SA e dos SS – tenham atacado a exposição e seus frequentadores não surpreende. O que surpreende é a inércia das autoridades diante deste ato de barbárie, porque pelo visto a reação a ele ficou entregue à iniciativa dos frequentadores e aos seguranças particulares.
Os nazistas esmeraram-se em condenar a literatura e as artes “degeneradas”. Promoveram queimas de livros em toda a Alemanha. A mais famosa foi a do 10 de maio de 1933 na hoje Bebelplatz, a praça em frente à Universidade Humboldt. O próprio diretor da Faculdade de Direito, logo em frente, se encarregou de trazer uma braçada de livros da biblioteca sob sua guarda, para a pira da vergonha histórica, entanto descrita como “da construção do novo homem germânico”, nada mais nada menos que por Goebbels, o ministro da Propaganda presente.
Estes cretinos do MBL, Kataguiris e Holidays à frente, se esmeram na mesma direção. Mas o mais estarrecedor, do mesmo modo que na Alemanha dos anos 1920/30, é que isto volta a se dar, como então, sob o beneplácito das autoridades constituídas.
Não foi outro o comportamento de Hindenburg. Ou das autoridades locais onde o nazismo chegava ao poder. Destruíram a Bauhaus em Weimar, nas outras cidades onde o movimento se refugiou, até que, de Berlim, os seus professores e artistas que conseguiram escapar foram para os Estados Unidos e outros países que os acolheram.
É isto que estamos assistindo em Porto Alegre. Nada mais, nada menos. Revoltante. Revoltante a atitude das hordas MBL-fascistas, revoltante a pusilanimidade das autoridades responsáveis, pusilânime a atitude do Santander Cultural… Bem, a do banco nem surpreende tanto. Afinal, é um banco, um mero banco.
Mas há mais. Porto Alegre teve momentos de glória internacional. Na Revolução de 1930. No último foco de resistência ao golpe de 1964. Na fundação do Fórum Social Mundial, quando a capital dos gaúchos foi proclamada “a capital do século 21”.
Ainda quando a administração popular consagrou a cidade junto à ONU, graças ao Orçamento Participativo e outras iniciativas. Por onde se viajava, o viajante deparava com a realidade de que Porto Alegre era uma referência mundial.
Mas a partir do momento em que a parcela mais empedernida da classe média (da burguesia nem é bom falar) se deu conta de que o povão das periferias estava disputando espaço nos shopping, no aeroporto e nas escolas superiores, o quadro mudou. Esta parcela optou pela direita – e desde então tem votado religiosamente (o termo é bem aplicado) contra tudo o que cheira a popular. Governos de direita.
Agora estamos chegando ao “Gloria in Excelcis Third Reich”, ou “Drittel Reich”, dos Kataguiris da vida.
Que vergonha, classe média de Porto Alegre!
Flávio Aguiar correspondente em Berlim para o Rede Brasil Atual
Leia também:
Os nazistas esmeraram-se em condenar a literatura e as artes “degeneradas”. Promoveram queimas de livros em toda a Alemanha. A mais famosa foi a do 10 de maio de 1933 na hoje Bebelplatz, a praça em frente à Universidade Humboldt. O próprio diretor da Faculdade de Direito, logo em frente, se encarregou de trazer uma braçada de livros da biblioteca sob sua guarda, para a pira da vergonha histórica, entanto descrita como “da construção do novo homem germânico”, nada mais nada menos que por Goebbels, o ministro da Propaganda presente.
Estes cretinos do MBL, Kataguiris e Holidays à frente, se esmeram na mesma direção. Mas o mais estarrecedor, do mesmo modo que na Alemanha dos anos 1920/30, é que isto volta a se dar, como então, sob o beneplácito das autoridades constituídas.
Não foi outro o comportamento de Hindenburg. Ou das autoridades locais onde o nazismo chegava ao poder. Destruíram a Bauhaus em Weimar, nas outras cidades onde o movimento se refugiou, até que, de Berlim, os seus professores e artistas que conseguiram escapar foram para os Estados Unidos e outros países que os acolheram.
É isto que estamos assistindo em Porto Alegre. Nada mais, nada menos. Revoltante. Revoltante a atitude das hordas MBL-fascistas, revoltante a pusilanimidade das autoridades responsáveis, pusilânime a atitude do Santander Cultural… Bem, a do banco nem surpreende tanto. Afinal, é um banco, um mero banco.
Mas há mais. Porto Alegre teve momentos de glória internacional. Na Revolução de 1930. No último foco de resistência ao golpe de 1964. Na fundação do Fórum Social Mundial, quando a capital dos gaúchos foi proclamada “a capital do século 21”.
Ainda quando a administração popular consagrou a cidade junto à ONU, graças ao Orçamento Participativo e outras iniciativas. Por onde se viajava, o viajante deparava com a realidade de que Porto Alegre era uma referência mundial.
Mas a partir do momento em que a parcela mais empedernida da classe média (da burguesia nem é bom falar) se deu conta de que o povão das periferias estava disputando espaço nos shopping, no aeroporto e nas escolas superiores, o quadro mudou. Esta parcela optou pela direita – e desde então tem votado religiosamente (o termo é bem aplicado) contra tudo o que cheira a popular. Governos de direita.
Agora estamos chegando ao “Gloria in Excelcis Third Reich”, ou “Drittel Reich”, dos Kataguiris da vida.
Que vergonha, classe média de Porto Alegre!
Flávio Aguiar correspondente em Berlim para o Rede Brasil Atual
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Oh, no me había enterado de la cancelación de esta muestra de Arte. Pero no me extraña.
ResponderExcluirEsta claro que parecía que habíamos avanzado como civilización en humanidad y tolerancia y lo que ocurre es que retrocedemos.
Creo que ya lo dijo el poeta Antonio Machado:
"Es propio de aquellos con mentes estrechas, embestir contra todo aquello que no les cabe en la cabeza”
Vamos camino de un Arte censurado y una estupidez e incultura sin freno. Es una lástima, pero es así.
Un abrazo,