Nas ruas de chumbo portas e janelas estão fechadas. O chão está vermelho, e das gargantas sangram gritos e impropérios. Pássaros empalhados vociferam cantos dissonantes numa linguagem afiada como lâmina. Camaleões desfilam sobre o asfalto mal polido.
Línguas de fogo rasgam o céu da boca; rasgam corpos de borboletas sem asas que se misturam e se transformam em
letras amontoadas que se transmutam em palavras que formam um texto, um leito de rio turbulento repleto de pedaços, de fragmentos de palavras aparentemente sem
nexo. Sem ilusão o rio corre desenfreado para encontrar-se
com um mar de incertezas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário