DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

20/11/2017

Dia da Consciência Negra


Renata Éssis, backing vocal de Liniker e os Caramelows
 
Ainda precisamos do Dia da Consciência Negra porque vivemos em uma sociedade na qual pessoas negras são
tratadas como cidadãos de segunda classe. Na qual ofensas
graves a pessoas negras são levadas como piadas ou amenidades. Na qual a completa inexistência de oportunidades é vista como falta de mérito. Esse dia existe
para mostrar que há uma dívida histórica com a população
negra - não só no Brasil, mas no mundo inteiro.
 
Miriam Alves, escritora e poeta com publicações nos Cadernos Negros
 
Precisa de um Dia da Consciência Negra? Na verdade não
precisaria. Era só um dia, que passamos a comemorar por
uma semana e agora comemoramos o mês todo como sendo da Consciência Negra. (...) A gente é preto de janeiro
a janeiro, então a discussão precisa ser feita de janeiro a janeiro.
 
Cida Bento, coordenadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEER)
 
Precisamos do Dia da Consciência Negra para nos apropriarmos do nosso poder enquanto maioria da população do Brasil e utilizarmos pra dar um basta na bandalheira que estamos vivenciando em nosso país.

 



 
A nossa escrivivência não pode ser lida como histórias para "ninar os da casa grande", e sim para incomodá-los em seus
sonos injustos.
Conceição Evaristo, escritora - Belo Horizonte,1946
 
***
 
Ferro
 
Primeiro o ferro marca
a violência nas costas.
Depois o ferro alisa
a vergonha nos cabelos.
Na verdade o que se precisa
é jogar o ferro fora
e quebrar todos os elos
dessa corrente
de desesperos.
 
Cuti, em Batuque detocaia
 
 
O negro pronto
está se fazendo sempre
ponto por ponto
 
atento contra o jogo da humilhação e
do cansaço
 
chegando a ficar tonto
de tanta lucidez
sem porre de talvez
ou preguiça
 
mergulha de vez
no sumo de ser-se
no húmus do outro
 
se funde em tudo que for possível
ou mesmo se confunde
ou até cai no
poço
do
nada
mas foge da cela
ludibria ciladas
 
com suor dilui espinhos
do horizonte cria músculos
e semeia o novo crepúsculo
 
o negro pronto
está se fazendo sempre
ponto por ponto
na decifração das marcas
transfigurando povo
em Flash crioulo
 
Cuti (Luís Silva - nasceu em Ourinhos-SP, mestre em Literatura Comparada e doutor em Literatura Brasileira pela Unicamp-SP)

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