Com seus pássaros
ou com a lembrança de seus pássaros,
com seus filhos
ou com a lembrança de seus filhos,
com seu povo
ou com a lembrança de seu povo,
todos emigram
de uma quadra a outra
do tempo,
de uma praia a outra
do Atlântico,
de uma serra a outra
das cordilheiras,
todos emigram.
Para o corpo de Berenice
ou o corpo de Wall Street,
para o último templo
ou a primeira dose de tóxico,
para dentro de si
ou para todos, para sempre
todos emigram.
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Casa vazia
Poema nenhum, nunca mais,
será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,
para esse público dos ermos
composto apenas de nós mesmos,
uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas
seu deserto particular,
ou cães latindo,
noite e dia,
dentro de uma casa vazia.
Alberto da Cunha Melo, Jaboatão dos Guararapes(PE) - 1942-2007
Es cierto, todos "emigramos" alguna vez buscando nuestro lugar en el mundo y dejando atrás lugares y personas que amamos y también vivencias que desearíamos olvidar.
ResponderExcluirEscribimos mucho para nosotros mismos, para tratar de entendernos, y cada vez hay menos personas dispuestas a escuchar y a interesarse por lo que le ocurre a los demás.
A veces me gusta cerrar los ojos e imaginar que soy un pájaro dejándome llevar por las corrientes más favorables, a veces imagino que soy un caballo que se desboca sin rumbo sólo para sentir que todavía puede galopar.
Un abrazo,