DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

06/02/2009

"...Eu não vou me tornar as relações como elas são, a gente sabe como elas são, eu não vou pensar o que todo mundo pensa, eu não posso, é difícil demais, eu não posso conseguir isso, eu não posso conseguir pensar o que todo mundo pensa,
é pensamento demais ao mesmo tempo, não posso pensar vários pensamentos de
uma vez, a gente sabe muito bem o que todo mundo pensa, a gente sabe muito bem
o que são as relações, como elas são, em que se sustentam, o número de pessoas que
pensam que pensam ao mesmo tempo, eu não conseguirei pensar o que todo mundo
pensa, não posso, não vou entrar na sua nuca, não pelas orelhas, pelas narinas ou
pelos olhos, vou passar direto entrando na nuca, ficarei perto dos nervos, perto do
cerebelo, poderei mudar a recepção dos nervos, de todos os nervos e encher a hípófise
de produtos hormonais, terei a possibilidade de explodir, de partir em todas as direções desde o cerebelo, de fazer a máquina funcionar, que a máquina esteja em atividade, que ela produza pólvora, que haja toneladas de pólvora, uma produção ininterupta de pólvora, zapeia, explode, passa, pega, prende, escuta, agarra, recolhe,
é uma chapa de tudo o que passou e foi agarrado e foi conservado, tudo se conserva,
o caleidoscópio visiona todas as formas, todas as escutas, todas as gravações, todas as formas visionadas, todas as escutas, o desfile, a gravação, a absorção, o tam-tam da
absorção contínua, a broca perfura, o escavador perfura, a roda dentada perfura, prossegue seu caminho nos subterrâneos, na escuridão iluminada pelos neons dispostos a cada vinte metros, mantém em conserva todos os desfiles, passa para outra coisa, é uma imagem ininterrupta."

Christophe Tarkos , poeta francês.(1964-2004)

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