De repente folhas
caminham em fila na trilha -
formigas tucandeiras.
De manhã a busca
encrespa o igarapé
e penteia as águas.
Roupas estentidas -
o clarear dos relâmpagos
alveja o varal.
Ao passar a chuva
abre o sol timidamente,
um claro sorriso.
Trinar de canário -
um canto de desencanto
de preso no aviário
Sozinho na casa.
Lá fora o canto das cigarras -
ah, se não fossem elas...
Aníbal Beça, Manaus (1946-2009)
hermosisisimo escrito. gracias por compartirlo.
ResponderExcluirabrazos
Cirandeira, lindo poema - não conhecia o poeta -, fiquei sentindo tudo, o sol e as formiguinhas.
ResponderExcluirSaudades de Anibal... Poeta extraordinário e amigo querido que fiz por estas andanças pela Net. Os haicais de Bessa são fantásticos, Cirandeira. Belíssima a obra nos deixou o poeta.
ResponderExcluirObs: É do fingir (re)criador que falo, o sentir comum a todos nós, dores e alegrias que nos tocam, sem serem nossas, mas são tão nossas... Além das nossas particulares. :) Exatamente como você captou no poema.
beijo, bom final de domingo!
meu querido amigo - uns dias antes de partir enviou-me todos os seus livros - dedicou-os um a um - nem tive tempo de agradecer...
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