Por vezes, não raro,
basta um gesto, sua borracha,
um quase nada de alvaiade,
um rasgo e só.
No entanto, o carvão
de certas palavras,
de alguns nomes,
não se apaga fácil.
Afogá-lo, inútil:
o maralto traz
de volta cada sílaba
em sal fortalecida.
Enterrá-lo? Logo renascerá:
árvore alta, trigo, praga.
No fogo irrompe a letra,
inda mais sólida liga.
Há que esperar do esquecimento
o dente miúdo
e lento roer a nódoa na língua,
o travo no peito.
Eucanaã Ferraz, Rio de Janeiro
Muito (e sempre) atual, apesar de escrito em 61. Isto, sim, é um poema; palavras que se imortalizam.
ResponderExcluirMaravilha!
Bjs e inté!
Maravilhosa a nova foto do cabeçalho!!!
ResponderExcluirE Eucanaã, sempre, sutil e contundente...
Obrigada pelas páginas sempre recheadas de novidades e reflexões tão pertinentes...
Abraço, Cirandeira! Que em 2010 continuemos nossa saga, buscando, sempre, motivaçã para continuarmos galgando esse tempo tão difícil que atravessamos! A poesia ilumina a vida! Por demais agradecida pela atenção que dedicou aos meus escritos!!! Agora, que saia o disco, para podermos cantar tudo isso! As alegrias, o viço, mas também as tristezas que nos aterram à este momento, conclusivo! Continuemos semeando sentido semântico para reconstruirmos essa história "tão mal contada", de seres humanos que não previram as funestas consequências de atos impensados... Acreditemos na vida! Na fé! Esperança para as nossas crianças! Bem vinda, poesia que aclara os dias vindouros!!! Brilha mais do que o ouro, para mim, estas linhas onde o choro, o suor, vertem-se em profunda alegria, que é certeza de que a vida vale a pena!!! Saudações!!! Tau!
Thaís, muito obrigada por tua visita e pelo comentário tão generoso e pertinente! Isso me dá uma força danada, uma "injeção de ânimo" para continuar seguindo, como disseste muito bem, nesse "tempo tão difícil que atravessamos!" Ainda bem que existem a poesia, os bons poetas e pessoas como tu.Espero que venhas mais vezes por aqui.
ResponderExcluirUm forte abraço
Olá!
ResponderExcluirFico arrebatada com este espaço tão poético!
Agora a imagem das gostas molhando a flor me trouxe identificação.Muitas vezes as lágrimas molham nossa flor interior,as pétalas ficam pesadas a até mesmo podem cair.Contudo o sol vem,alimenta e ela torna a sorrir.
Nossa..escrevi pra vc,mas falei pro meu coração.
Bom,estou assim como a imagem.
Bjs!
Pois é, carol, essa rosa curvada sob a chuva
ResponderExcluirque cai sobre ela me remete a uma imagem que pode muito bem ser uma intempérie que chega, à
nossa revelia, mas que realça ainda mais a beleza da rosa! Acho-a belíssima. E poética!
Eucanaã é maravilhoso, não é mesmo, Cirandeira?
ResponderExcluirCertas palavras nunca se apagam, mesmo - e o travo no peito, o que fazer dele?
Engolí-lo, digerí-lo e ASSIMILÁ-LO, Janaína.
ResponderExcluirOu exite outra opção?
É, o carvão de certas palavras não se apagam....
ResponderExcluirpor isso, o perdão é algo duvidoso.... tem coisa na vida, difíceis de apagar.