rio Parnaíba
O jovem Crispim vivia num casebre às margens do rio Parnaíba, no Piauí, com a mãe e o pai, que era pescador. Ainda era menino quando o pai faleceu, tendo que assumir o que este fazia. Viviam em extrema pobreza. Um dia Crispim saiu cedo para pescar, mas não conseguiu nada, sequer uma piabinha para o almoço! Voltou para casa triste e revoltado com sua condição de vida. Sua mãe havia feito um cozido ralo, com um osso de boi, (daqueles que tem um tutano dentro) e ofereceu-lhe como almoço. Ao
ver aquilo, explodiu de raiva, e impensadamente , desfechou o osso sobre a cabeça da mãe, atingindo-a mortalmente. Entretanto, antes de morrer, a mãe rogou-lhe uma
maldição: irás vagar dia e noite pelo rio e tua cabeça se transformará numa cuia; só
encontrarás sossego depois de deflorar sete mulheres virgens, de nome Maria!
Ao ouvir a maldição da mãe, Crispim se deu conta do que havia feito e saiu correndo
como um louco, atirando-se no rio. Como seu corpo nunca foi encontrado, as pessoas
das redondezas diziam que ele aparecia em noite de lua cheia, à procura de alguma Maria virgem para deflorar. Os pais das possíveis Maria, proibiam as filhas de aproximar-se do rio nessa época. Também os pescadores, diziam que o cabeça de cuia tentava virar as embarcações quando saíam para pescar....
O nosso imaginário popular é rico em estórias que vão se transformando ao longo do tempo, numa tentativa de punir os males que nos afligem, muitas vezes de forma idealizada, outras moralizadora ou romântica. Afinal, o cabeça de cuia é algoz ? Ou
será uma vítima? Quantos filhos têm matado a mãe, ou o pai? Ou os dois ao mesmo tempo? Quantos crimes têm sido cometidos contra populações inteiras, contra o erário público, contra a Natureza? Se todos se transformassem em cabeça de cuia ....!?
Oi, Cirandeira, essas são as histórias populares que sempre trazem alguma mensagem. O povo sabe das coisas e devolve os males feitos para que, além de lenda, vire lição. Não deixa de ser vingança. Nada mal para o mal feito.
ResponderExcluirmeu carinho
tais luso
Quando a realidade descompensa, a imaginação popular trata de tomar providências...
ResponderExcluirHaja cuia para tantas cabeças que estão no poder... Aff Maria! Digo, Marias...
Bjs e inté!
A humanidade "caminha" tão lentamente! Já os "cabeça de cuia"...!? As Maria que se cuidem!?
ResponderExcluirun relato magnifico!!! con un mensaje muy disiente. me encanto.
ResponderExcluirun abrazote
sou mineira - adoro causos! esse eu não conhecia - obrigada!
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