"O espírito da África" (Uganda)
Que faria eu sem este mundo sem rosto, sem perguntas.
Onde o ser só dura um instante e onde cada instante
transborda para o vazio esquecimento de ter existido.
Sem esta onda onde por fim
corpo e sombra juntos se anulam.
Que faria eu sem este silêncio poço fundo de murmúrios
curvando-se a pedir socorro, pedir amor.
Sem este céu posto de pé
sobre o pó do seu lastro
Que faria eu eu faria como ontem e como hoje
olhando para a minha janela vendo se não estou sozinho
a errar e a mudar, distante de toda a vida,
preso num espaço incontrolável
sem voz no meio das vozes
que se fecham comigo.
Samuel Becket, Dublin, Irlanda (1906-1989)
Tradução de Mário Carvalheira.
becket é gênio, muito boas escolhas de poema e fotos aqui cara cirandeira - visite lá o pântano, sempre coisas novas
ResponderExcluirSempre vou ao 'pântano', gosto demais!
ResponderExcluirSó não deixo comentário pq não gosto de dar meu e-mail assim, sem mais nem menos, a céu aberto! Se um dia vcs desistirem dessa exigência, aí eu postarei n comentários; se não, paciência.
Gosto muito de recebê-lo(S). Volte(m) sempre!!
Se pudesse faria eu um tal poema, poema alfa-ômega.
ResponderExcluirAchei fabuloso o seu comentário lá no Azul, você até trouxe à baila o bisturi que eu havia desistido de pôr. É verdade, sei que é inútil tentar entender. Mas é por esse pasmar, dar murros em ponta de faca, que, de repente, encontramos alguma poesia.
Ah, sim! O litoral da Paraíba, uma paixão tardia. Em breve estarei por lá!
Beijo.
Aqui, o cabeçalho é antropológico-geográfico-poético. Um viajante incansável!
Não tenho a menor dúvida, Marco. Eu, que não sou poeta e nem nada!, vivo dando murros em ponta de faca, o que me alivia é essa busca constante, esse viajar imaginário pela arte, pela poesia, literatura e pelo mundo afora sem
ResponderExcluirsair do lugar, porque já dei umas perambuladas e cheguei à conclusão que a humanidade é uma só: apenas muda a paisagem...e assim é menos
cansativo.
Beijo grande
Ci, eu não sei o que faço com essa emoção que agora me abraça.
ResponderExcluirQue poema bonito!
beijos