Não falarei de coisas, mas de inventos
e de pacientes buscas no esquisito.
Em breve, chegarei à cor do grito,
à música das cores e do vento.
Multiplicar-me-ei em mil cinzentos
(desta maneira, lúcido me evito)
e a estes pés cansados de granito
saberei transformar em cataventos.
Daí, o meu desprezo a jogos claros
e nunca comparados ou medidos
como estes meus, ilógicos, mas raros.
Daí também, a enorme divergência
entre os dias e os jogos, divertidos
e feitos de beleza e improcedência.
DESMANTELO AZUL
Então pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vestí meus gestos insensatos
e colorí as minhas mãos e as tuas
Para extinguir de nós o azul ausente
e aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas
E afogados em nós nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço
E perdidos no azul nos contemplamos
e vimos que entre nascia um sul
vertiginosamente azul: azul
Carlos Pena Filho, Recife (PE) - 1929-1960
É impressionante a quantidade de poetas brasileiros que desconhecia e que vou conhecendo através da blogosfera.
ResponderExcluirObrigado, Ci, por aqui navega-se sempre em boas águas.
Beijo :)
Adoro Desmantelo Azul! Acho lindo.
ResponderExcluirRATO SIN VISITARTE , Y ME ENCUENTRO CAO UNA GRAN SORPRESA: ¡¡¡AHORA TE PUEDO LEER CLARAMENTE!!
ResponderExcluirUN ABRAZO