DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

12/01/2011

Soneto das definições


Não falarei de coisas, mas de inventos
e de pacientes buscas no esquisito.
Em breve, chegarei à cor do grito,
à música das cores e do vento.

Multiplicar-me-ei em mil cinzentos
(desta maneira, lúcido me evito)
e a estes pés cansados de granito
saberei transformar em cataventos.

Daí, o meu desprezo a jogos claros
e nunca comparados ou medidos
como estes meus, ilógicos, mas raros.

Daí também, a enorme divergência
entre os dias e os jogos, divertidos
e feitos de beleza e improcedência.



DESMANTELO AZUL


Então pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vestí meus gestos insensatos
e colorí as minhas mãos e as tuas

Para extinguir de nós o azul ausente
e aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas

E afogados em nós nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço

E perdidos no azul nos contemplamos
e vimos que entre nascia um sul
vertiginosamente azul: azul
Carlos Pena Filho, Recife (PE) - 1929-1960

3 comentários:

  1. É impressionante a quantidade de poetas brasileiros que desconhecia e que vou conhecendo através da blogosfera.
    Obrigado, Ci, por aqui navega-se sempre em boas águas.

    Beijo :)

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  2. RATO SIN VISITARTE , Y ME ENCUENTRO CAO UNA GRAN SORPRESA: ¡¡¡AHORA TE PUEDO LEER CLARAMENTE!!
    UN ABRAZO

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