No primeiro século da era cristã, o filósofo latino Sêneca denunciava o acúmulo exibicionista de livros: "Muita gente sem educação escolar usa livros não como instrumento de estudo, mas como decoração para a sala de jantar". Em 1509, o humanista Geiler von Kaysersberg afirmava que: "Aquele que quer livros para ganhar fama deve aprender algo com eles; não deve armazená-los em sua biblioteca, mas na cabeça. Mas este primeiro louco pôs seus livros em correntes e fez deles prisioneiro; se pudessem se libertar e falar (os livros), o arrastariam até o juiz, exigindo que ele, e não eles, fosse encarcerado". Na Grécia, em Roma e Bizâncio, o poeta erudito - o doctus poeta, representado segurando uma tabuleta ou um rolo - foi considerado um modelo, mas esse papel estava destinado aos mortais. Os deuses jamais se ocupavam de literatura; as divindades gregas e latinas jamais eram mostradas segurando um livro. O cristianismo foi a primeira religião a por um livro nas mãos de seu deus e, a partir da metade do século XIV, o livro emblemático cristão passou a ser acompanhado por outra imagem - a dos óculos.
Alberto Manguel em O Louco dos Livros"
MUY INTERESANTE TU POST.
ResponderExcluirABRAZOS