DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

08/03/2009

Não te deixes destruir ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras
e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha um poema
e viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações
que hão de vir.
Esta fonte é para uso
de todos os sedentos.
Toma a tua parte,
vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
Cora Coralina (1898-1985)

Um comentário:

  1. Olá querida bom dia.

    Cora Coralina. Conhecia essa mulher fabulosa, fui por duas vezes na sua casa o velho casarão as margens do Rio Vermelho, o rio que corta a Cidade de Goiás mais chamada de (Goiás Velho)
    Morava só, recebia muito bem as pessoas, voz firme determinada no que dizia, num português bem falado, e vivia entre livros e doces.
    Era doceira de primeira. Doces de frutas cristalizadas que ela vendia numa embalagem muito chik, dentro de uma caixinha própria, os doces colocados em camadas, separados por um papel de seda cor-de-rosa, cada camada era de um tipo de frutas: figos, casca de laranja, abóbora, limão, mamão verde e sua caixa de doces era colorida que ela arrumava com carinho no momento da venda, nós assistíamos aquele ritual de sua arrumação cheia de cores. Seus doces cristalizados eram firmes por fora, mas suculentos por dentro.
    Também me esbarrava nela nos eventos culturais de Goiânia, era muito vaidosa, de baixo porte, aparência de uma dama culta, porém simples. Era boa de prosa e estava sempre a falar com todos.
    Uma figura maravilhosa e tinha um olhar sorridente.
    Excelente oradora, por isso também era convidada a abrir eventos culturais, e quando falava, fazia-se um silêncio geral, suas palavras eram de inteligência pura.
    Seu casarão hoje é um museu e é cobrada a entrada. Assoalhos de taboa, paredes altíssimas, grandes janelas e portas de madeira bruta. Seus livros pessoais estão lá, expostos em uma estante, assim como os móveis, panelas, tachos de cobre para a feitura dos doces, colheres de pau, sua cama e objetos pessoais, todos resguardados. Os óculos estão em uma escrivaninha antiga, onde ela escrevia seus versos, contos etc.
    Logo na entrada antes de entrar dentro da casa, uma estante para a venda dos seus livros. Até aí não se paga entrada, mas daí pra frente e para conhecer sua casa e seu quintal, o turista paga uma taxa.
    Ela tinha um pé de figos no quintal. Do lado esquerdo e sem muros, o Rio Vermelho corre silenciosamente.
    É isso aí amiga.
    Obrigada pela homenagem as mulheres, guerreiras e desbravadoras, rompedoras de preconceitos que tanto ajudou na abertura de caminhos para as mulheres que sucederam a elas.
    O melhor de tudo, tive o privilégio de beijar o rosto de Cora Coralina.
    Bjs para você.

    ResponderExcluir