Quando o vazio chega sorrateiramente e se instala no centro da mesa sem ser convidado, é porque todos os teus sentidos estão mudos: o olhar está parado, fixo em algum ponto do espaço; a voz outrora gargalhante é puro silêncio; o corpo não sente quase; e o som daquela música cava-te rios cuja fonte está secando...
Corpo cheio de pingos
nós apertados, marcas, manchas,
botões que não desabrocham
outros pétreos, calcificados no deserto
da pele ondulada e
transida pelo vento ressecada
nas dobras dos doídos dias..
Corpo poroso
fios um dia brilhosos
de cabelos esvoaçantes caídos
vísceras revolvidas, revoltas, cortadas
pelas veias sangue que escorre
sem força já não bombeia o coração
que salta pelos olhos, pelo sexo.
Pela boca a voz da palavra:
FALA!
FALA!
Do silêncio do corpo escapa a voz da alma. E como estou feliz em te ler no Mínimo Ajuste, ler o seu talento, talento que nos ciranda, que nos dá a mão e nos leva pra frente.
ResponderExcluirbeijossssssssssss :)
Cá também estou eu FELIZ...Feliz por constatar tanto talento, que eu já sentia, já sabia, mas que me tomou e me trouxe a alegria de ver o nascer pleno de uma poeta!
ResponderExcluirBeijos, beijos!
por mais que o corpo emudeça a medida que o tempo lhe pese, a palavra nele contida e constantemente ampliada sobrevive e clama ser ouvida. a poesia imortaliza a palavra e o que um dia o corpo sentiu.
ResponderExcluirbelíssimo poema!
beijo, Ci.
Chega um momento que o corpo passa
ResponderExcluira fazer suas cobranças, e se não
lhe damos uma resposta nos danamos
todos, não é, Celso?
Fico feliz e lisonjeada com o teu comentário, não imaginas quanto!!!
um beijo
Os eclipses são sempre temporários, e sempre esperei que viesses.
ResponderExcluirFazias falta, Ci!
Beijo :)
Outra coisa, Ci, sempre achei que escrevias maravilhosamente, apenas te faltava a coragem de te expores. Aí está a evidência em forma de deslumbramento.
ResponderExcluirAdorei!
Beijo :)
"A Noite do Iguana", de Tennesse Wiliams. O siLêncio de um velho à espera do último verso de sua última poesia. O verso salta-lhe aos lábios. O velho falece.
ResponderExcluirA palavra, assim como a semente, um dia brotará da terra.
Esse layout urbano, tudo a ver!
Ci, sou sua admiradora eterna!
Beijos, querida!
Obrigada, Van, também te admiro
ResponderExcluirmuuito!
beijos, querida
Agostinho, és tão generoso :)
ResponderExcluirÉ verdade, os eclipses costumam ser temporários, e nos ajudam a
ver melhor os vários ângulos que a
VIDA tem, embora às vezes nos assustem muito!
Obrigada pelo carinho e pelo estímulo, sou tão insegura :)
beijosss
Tânia, és muito danada, viu?
ResponderExcluirTanto falaste que eu acabei criando
coragem e acreditando, mesmo que não saiba até quando :)
Obrigada pelo incentivo, pela força
e pelo carinho.
um beijo
Lelena, bipedezinha querida!
ResponderExcluirEu que fico feliz, porque ainda me lembro da primeira vez que me chamaste a atenção sobre a forma como eu comentava teus textos,
sempre marailhosos! Não sei bem explicar, mas eles sempre
estimularam a minha imaginação e me
deram coragem para começar a soltar-me. Sou-te eternamente agradecida por isso!
beijossss
Mas então você é poeta?! Lembro de lhe ouvir algumas vezes dizer que se tivesse a palavra poética... Ou não?
ResponderExcluirMas,
para alguns poemas o leitor está como que sentado à varanda antes da aurora e ela vem vindo lentamente, e dali a pouco um raio de sol acaricia a face dele;
Para outros o leitor está dentro da sala, com as cortinas negras cerradas,insone, sem saber sequer se ainda é madruga... e, de repente, o poenta abre num só gesto as cortinas, e o leitor leva um choque de luz que o desloca de si mesmo como uma onda! Dormira longamente e acordara agora?
A leitura desse seu poema foi para mim desta segunda forma. Os últimos versos arrepiantes! E por ventura há melhor efeito de um poema sobre nós? Creio que não.
Nada de eclipses nos seus versos!
Beijo.
P.s.: Cirandeira, lamentavelmente não tenho conseguido comentar no Mínimo Ajuste, clico no botão, sem que se me mostre qualquer opção de perfil, embora haja a solicitação. Estranho, pois geralmente já estou conectado à conta do Google. Clico e nada, um botão morto. Tenho enfrentado esse problema em outros blogs, inclusive no da Bípede. Deve ser questão de configuração?
O tempo pode nos tornar quase invisíveis (aos olhos de outros, tantas vezes). A fala sustenta a presença.No entanto, ser quase invisível nos prepara a partida.
ResponderExcluirE nisso não há tragédia alguma.
Celebremos!
Um beijo, Cirandeira!
De fato: o tempo nos torna invisíeis aos olhos de muitos,
ResponderExcluirenquanto para nós ficamos cada vez mais visíveis, e como!
Não sei se quero fazer essa celebração :)
um beijo, Marcelo