DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

26/11/2012

Festa na aldeia


Henri Matisse
 
 
Correm pelos vales do nada subindo em montes vazios tentando encontrar o Sol.
São magras, sulcadas de caminhos azuis de encruzilhadas vias expressas  as mãos  que conduzem ao castelo da desilusão. Demonstram friamente o desencanto dessa aldeia habitada por  ensimesmadas  e
enrijecidas criaturas moldadas  pelo gelo que sobre elas cai lenta e inexoravelmente.
Bonecos de neve vão se formando sobre essa paisagem urbana criando uma imensa vitrine de seres inanimados.  Nas aldeias vizinhas muitos já se organizam desenfreadamente em busca de lenha para
suas  fogueiras de vaidades! Haverá fogos de artifícios rojões e ranger de dentes regados a Moet et Chandon  e seus estampidos.
E todos cantarão alegremente  gingo bel  erguendo as mãos aos céus para que tudo permaneça como sempre esteve.
 
Amendoim!!!

8 comentários:

  1. Todos sabem disso, Ci, mas a maioria não quer a mudança sem prescindir daquilo que tem. A não ser que nada tenha.
    (Repara que utilizei o verbo TER. Hoje já ninguém É, mas ainda há memórias)

    Beijo :)

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    1. AC, eu realmente tenho sérias dúvidas se
      são "todos" que sabem disso, mas tens razão quanto ao TER: Todos o querem, não importa COMO adquirí-lo! Enquanto a MEMÓRIA existir vamos escapando dessa
      nevasca que se abateu sobre o planeta terra!

      um beijo :)

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  2. Maquinas humanas com coracao de neve... Nao ha ora'cao que salve!
    Beijo natalino pra ti, Ci :)

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  3. Ci, triste retrato da realidade. Eu não saberia dizê-lo de forma mais tocante...

    Beijos,

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    1. Tânia, o "retrato" é mesmo triste, mas
      mesmo assim, alegro-me por saber que ainda existem pessoas que se sensibilizam
      e têm na memória e no coração o significado de uma festa comunitária!
      Obrigada pelo comentário, como sempre tão
      carinhoso...!

      beijos :)

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  4. "Correm pelos vales do nada subindo em montes vazios tentando encontrar o Sol..."

    Que coisa bela, a comunhão está sempre beirando o tudo e o nada... bonito demais!

    Um beijo Cí!

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  5. Gostei do deu retrato da festa!
    Saudações poéticas!

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