I.
Há dez anos tentava escrever o primeiro verso de um poema. Era
perfeccionista.
Aos 30, anteontem madrugada, gritou para a mulher:
consegui,
Jandira! Consegui!
Ela (sentando-se na cama, desgrenhada):
O quê? O emprego?
Ele: Claro que o verso, tolinha, olha o brilho do meu olho, olha!
Ela (bocejando): Então diz, benzinho.
Declamou pausado o primeiro verso: “Igual ao fruto ajustado ao seu
redondo..
.Jandira interrompendo: peraí... redondo? Mas nem todo fruto é
redondo...
Ele: São metáforas, amor.
Ela: Metáforas?
Ele: É... E há também anacolutos, zeugmas, eféreses.
Ela: ?!?!?
Mas onde é que fica a banana?
Ele enforcou-se manhãzinha na mangueira. O bilhete grudado no peito
dizia: a manga não é redonda, o mamão também não, a jaca muito menos, e você
é idiota, Jandira. Tchau
.
Ela (tristinha depois de ler o bilhete): e a pêra, benzinho? E a pêra então
que ninguém sabe o que é? E a carambola!!! E a carambola, amor?
Em Cascos e Carícias, coletânea de crônicas escritas entre 1992-1995 para o jornal Correio Popular, de Campinas(SP)
Em Cascos e Carícias, coletânea de crônicas escritas entre 1992-1995 para o jornal Correio Popular, de Campinas(SP)
Oi Ci!
ResponderExcluirPoesia simples e direta, doce como uma salada de fruta! rs
Bjão!
UN EXCELENTE DIALOGO. GRACIAS.
ResponderExcluirUN ABRAZO