O barro é a palavra
que te devolve a inocência perdida
o teu passaporte para a criatura.
O teu modo de dizer
o que as pessoas
não te disseram nunca.
O barro é a matéria do teu canto
o ouro de tua botija
o amálgama de tua cárie
o salário do teu anonimato
teu sortilégio e tua perdição.
O barro é teu sangue coagulado
que teima em protestar
o teu mistério se consumindo
o teu sapato estraçalhado na diáspora
o teu chapéu de luto
a tua solidão de olhos fitos na vida.
FRANCISCO CARVALHO , em
Quadrante solar, 1982
Poeta cearense, nascido em Russas, em 1927. Faleceu em março de 2013.
EXCEPCIONAL TEXTO!!!!!!! GRACIAS.
ResponderExcluirUN ABRAZO
Cuando era pequeña me decían las monjas que era polvo y en polvo me convertiría, no lo entendía del todo, pero sí me gustaba la historia del Creador haciendo al primer hombre de barro.
ResponderExcluirLa arcilla nos recuerda que somos vulnerables, moldeables y también resistentes.
Un hermoso poema.
Un beso,
Um belo poema, sem dúvida!
ResponderExcluirSaudações poéticas!