DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

31/12/2010

Pérolas esquecidas na concha de um caderno...




Procuravam a esquecida chuva
de inverno em sua boca
de onde alguém soprava
as palavras de fora do poema.

***
O poema final ninguém escreverá.
Desse mundo particular de doze horas.
Em vez do juízo final,
a mim me preocupa
o sonho final...

***
A tinta e a lápis
escrevem-se todos
os versos do mundo(...)
Como o ser vivo
que é um verso,
um organismo
com sangue e sopro
pode brotar de germes mortos? (...)
Mas é no papel, no branco asséptico
que o verso rebenta.

Como um ser vivo
pode brotar
de um chão mineral?
Desse branco que é gelo e febre.

João Cabral de Melo Neto

***

Odeio as almas estreitas,
sem bálsamo e sem veneno,
feitas sem nada de bondade
e sem nada de maldade.

Friedrich Nietzsche (1844-1900)

***

Não serei domesticado
pelos rebanhos
da terra.
Morrerei inocente
sem nunca ter descoberto
o que há de bem e mal,
de falso ou certo
no que ví.

Roberto Piva, São Paulo (1937-2010)

***

Mas, se eu não fosse escritor...
O que seria eu? Alguém que fez uma viagem e esqueceu de anotar as
memórias mais alegres ou angustiantes do percurso.
É assim: sou escritor porque estou de passagem na Terra,
realizando uma viagem e resolví anotar o mundo.
Só isto.

Thulin Fridman, poeta alemão

30/12/2010

A casa do tempo perdido




Batí no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Batí segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade; a outra metade são cinzas.


Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater. O eco devolve
minha ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.


O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado.




Carlos Drummond de Andrade

27/12/2010

Oh coração meu, não te levantes para testemunhar contra mim! *



A vida, como um comentário de outra coisa que não alcançamos, e que está aí ao alcance do salto que não demos.
A vida, um balé sobre um tema histórico, uma história sobre um fato vivido, um fato vivido sobre um fato real.
A vida, fotografia do número, possessão nas trevas (mulher, monstro?), a vida, proxeneta da morte, esplêndido baralho, tarô de claves esquecidas que umas mãos reumáticas rebaixam a uma triste paciência solitária.


"O jogo da amarelinha" - Julio Cortázar



Robert Morris

O sonho estava composto como uma torre formada por camadas sem fim, que se ergueram e se perderam no infinito, ou desceram em círculos, perdendendo-se nas entranhas da terra. Quando me arrastou em suas ondas, a espiral começou e essa espiral era um labirinto. Não havia nem teto nem fundo, nem paredes nem regresso. Contudo, havia temas que se repetiam com exatidão.



Anaïs Nin, em "Winter of Artifice"
* Livro dos mortos, ou inscrição em um escaravelho (frase do cabeçalho)

25/12/2010

Aos meus amigos e amigas da blogosfera desejo um FELIZ NATAL e um 2011 cheio de muitas alegrias, muita poesia e estórias fantásticas...!!!

....e uma rede cheirosa e macia pra matutar e sonhar, e sonhar e sonhar...!
Um grande abraço carinhoso e um beijo GRRAANDE!


22/12/2010

Poema de amor




Eu habito em você e você em mim

Somos dois jardins assombrados pelo outro

Às vezes não consigo encontrar você alí

Há somente o balanço rangendo

logo após sua partida,

ou seu livro favorito atrás do relógio de sol



Douglas Dunn - Escócia, 1942

20/12/2010

Basta um dia...

Henri Cartier-Bresson
Pra mim basta um dia...
Não mais que um dia, um meio dia...
Me dá só um dia!,
e eu faço desatar a minha fantasia.
Só um belo dia,
pois se jura, se esconjura,
se ama e se tortura,
se tritura, se atura e se cura
a dor, na orgia
da luz do dia.
´´E só o que eu pedia:
um dia pra aplacar minha agonia,
toda a sangria,
todo o veneno de um pequeno dia.
Só um santo dia,
pois se beija, se maltrata,
se come e se mata,
se arremata, se acata e se trata
a dor, na orgia
da luz do dia.
É só o que eu pedia, viu?
Um dia pra aplacar minha agonia,
toda a sangria,
todo o veneno
de um pequeno dia...!
Chico Buarque

17/12/2010

Três microcontos

QUEM
Sim, doutor, estou louco.
Mas quem é esse
que diz estou louco?
Sérgio Sant'Anna




Confissão


- Fui me confessar ao mar.
- O que ele disse?
- Nada.


Lygia Fagundes Teles







Fechou os olhos
e ficou invisível.


Tony Monti, paulistano, autor de O mentiroso, eXato acidente e O menino da rosa.

15/12/2010

Concerto para flauta de canudo de mamão






Vou cativar um beija-flor

E sairemos por aí:

ele faz poesias, eu voo.




#####




Ao prometer ilhas a quem o ouve,

dá-lhes armas para desgarrar-se

do chão.

Todo homem tem que ter sua ilha

Não ser ilha: ter. A ilha

é interior, mas custa. Quanto

custa. Uma ilha? Uma

vida.




Poemas de Antonio Brasileiro, poeta e artista plástico, nascido em Rui Barbosa, sertão da Bahia. Atualmente vive em Feira de Santana (BA)

13/12/2010

"Curriculum"



Minha tribo é composta pelos meus fantasmas

- muitos dos quais nem conheço ainda.

Sou muito mais nobre do que o rei da Inglaterra

ou do que o xá da Pérsia. A nobreza deles é

tão ridícula quanto a divindade do imperador

do Japão, filho do Sol e possivelmente

pai da Lua (...)

A nobreza do sangue não existe, caso contrário,

não existiria a sífilis e a sangria seria

um crime de lesa-majestade.


Campos de Carvalho, Uberaba-MG (1916-1998).
Autor de O Púcaro Búlgaro, A Lua vem da Ásia, Vaca de nariz sutil.

12/12/2010

China - Da aldeia à cidade...




Xangai





Demonstração de Kung Fu, em Kaifeng



Palácio da Cidade Proibida



Quando se encontrava uma garota de outra fábrica, a primeira coisa era saber as referências. De que ano você é?, perguntava uma à outra, como se não estivesse falando de um ser humano, mas da fabricação de carros. Quanto por mês? Incluindo quarto e refeição? Quanto pelas horas extras? Podia então perguntar de qual província ela era. Mas nunca perguntava o nome.
Ter uma amiga de verdade dentro da fábrica não era fácil. Dormiam doze garotas em um quarto, e naquele ambiente claustrofóbico do dormitório era melhor guardar segredo. Algumas entravam para a fábrica com carteiras de identidade emprestadas e nunca diziam a ninguém os verdadeiros nomes. Outras só conversavam com colegas de sua província de origem, mas isso tinha lá seus riscos: o disse me disse percorria célere o caminho da fábrica até a aldeia, e quando elas voltavam para casa, as tias e as avós sabiam quanto tinham ganhado, quanto tinham economizado e se saíam com rapazes.


***

No fim da década de 1970 as reformas permitiram às famílias de agricultores vender parte da colheita no mercado, em vez de entregar toda a produção ao Estado. (....) Uma medida governamental de 1984 autorizava os agricultores a estabelecer pequenos mercados nas cidades; mudar-se deixou de ser um crime. A migração ganhou velocidade, e em 1990 o país tinha sessenta milhões de migrantes, muitos atraídos pela expansão das fábricas e cidades no litoral.
Hoje a China tem 130 milhões de trabalhadores migrantes. (...) Em cidades grandes como Pequim e Xangai, os migrantes chegam a ser um quarto da população; nas cidades industriais do sul da China, são eles que mantêm em funcionamento as linhas de montagem da economia nacional, baseada nas exportações. Juntos, eles representam o maior movimento migratório da história da humanidade, o triplo do número de pessoas que emigrou da Europa para a América ao longo de um século.



As Garotas da Fábrica, de Leslie T. Chang, filha de imigrantes chineses, graduada em História e Literatura Americana pela Universidade de Harvard(EUA). Trabalhou como jornalista na República Tcheca, em Hong Kong e em Taiwan. Foi correspondentedo The Wall Street Journal em Pequim. - Tradução de Clóvis Marques
Imagens: wikipedia

11/12/2010

Os Cem Anos de Noel Rosa!





Numa época em que fazer música era "coisa de marginal ou de vagabundo", esse gênio que viveu intensamente seus curtos vinte e seis anos!, deixou-nos verdadeiras pérolas musicais cheias de ironia, irreverência e uma apurada visão crítica da sociedade em que viveu, registrando em suas letras as perseguições policiais aos pobres, negros e desvalidos. O Poeta da Vila, como era chamado, nasceu no Rio de Janeiro no bairro de Vila Isabel, no dia 11 de dezembro de 1910 e faleceu no dia 04 de maio de 1937.
"Um pierrô apaixonado que vivia só cantando, por causa de uma colombina acabou chorando, acabou chorando..." (Pierrô apaixonado)
Noel Rosa teve cinquenta e seis parceiros em suas composições, entre eles Vadico, Ismael Silva, Cartola, Ary Barroso, Ernesto dos Santos, o "Donga", Custódio Mesquita, João de Barro, entre outros. Entre suas composições podemos destacar Com que roupa?, Gago apixonado, Fita amarela, Feitio de oração, Onde está a honestidade?, Últino desejo, As pastorinhas .
Homem da noite, gostava de beber, fumava bastante e teve vários romances. Tinha vinte e dois anos quando se casou com Lindaura, uma garota de 13 anos.
Certo dia ao apresentar-se no palco para interpretar uma música de Erivelto Martins, Noel desmaiou. O médico, após examinar sua radiografia dos pulmões é bem claro: tuberculose. Nenhum dos tratamentos que fez tiveram êxito, porque Noel nunca seguia os conselhos médicos e voltava para a boemia da noite...

"Quando eu morrer não quero choro nem vela/ quero uma fita amarela gravada com o nome dela/ Se existe alma/se há outra encarnação/eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão/Não quero flores, nem coroa de espinhos/só quero choro de flauta, violão e cavaquinho
Estou contente, consolado, por saber
que as morenas tão formosas a terra um dia vai comer/Nçao teho herdeiros, não possuo um só vintém/Eu viví devendo a todos, mas não paguei a ninguém/Meus inimigos que hoje falam mal de mim/ vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim.
OBS: Aracy de Almeida era a intérprete preferida de Noel Rosa para suas composições.

09/12/2010

Bibliotecas - Os templos do saber

Louvável esforço do homem para não nos dizimarmos uns aos outros, alimentando a esperança de novas descobertas através do conhecimento das artes, da ciência, da história, da religião, da poesia e da música que nos habita enquanto existirmos...
As Bibliotecas existem há mais de quatro mil anos, desde a criação dos pergaminhos e tábuas escritas. Surgiram originariamente como arquivos nos templos das cidades da Mesopotâmia onde eram registrados os fatos relacionados com as atividades religiosa, política, econômica e administrativa do Estado. Os escribas e os sacerdotes eram os responsáveis por essa tarefa por serem os únicos que sabiam ler e escrever.
antiga Biblioteca de Alexandria

Os documentos eram feitos em escrita cuneiforme, rolos em formato de cunha ou em tabuletas de argila, que apesar de serem pesadas permitiram a conservação de muitos registros daquela época.

escrita cuneiforme(3.500 a.C)

No Egito antigo chamavam as bibliotecas de tesouro dos remédios da alma. Com elas curava-se a ignorância, a mais perigosa das doenças e a origem de todas as outras.




Biblioteca de Alexandria, século III a.C.

A Biblioteca de Alexandria foi criada no século I a.C. e na época em que sofreu o incêndio possuía cerca de 40 mil volumes. Não sabemos com certeza a causa do incêndio. A versão mais comum é de que teria sido provocado pelo imperador romano Júlio César, acidentalmente (!?)


Biblioteca de Alexandria (atual)


"O leitor viciado, o que não consegue deixar de ler, e o leitor insone, o que está sempre desperto, são representações extremas do que significa ler um texto, personificações narrativas da complexa presença do leitor na literatura." (Ricardo Piglia, escritor argentino)




Biblioteca da abadia de Saint-Gellen(Suíça)


"Dos vários instrumentos criados pelo homem, o mais admirável é o livro, todos os demais são extensões de seu corpo...Apenas o livro é uma extensão da imaginação e da memória." (Jorge Luís Borges)



Biblioteca beneditina da abadia de Metten(Alemanha)


Segundo um provérbio hindu, 'um livro aberto é um cérebro que fala; fechado, um amigo que espera; esquecido, uma alma que perdoa; destruído, um coração que chora'.


Biblioteca Nacional de Checoslováquia

07/12/2010

De como o Tempo devorou um poema



Subiu como uma formiga sobre duas preposições.

Mastigou como um leão onde dizia pomba.

Derrubou um pedaço de adjetivo.

Dançou sobre a futilidade da estrofe inicial.

Não se deu ao trabalho de rasgar tudo.

Os fragmentos começaram a bocejar.

Um deles brilhou um pouco,

é preciso que se diga.

Deixou de lado, sem nada

a palavra morte.


Fina Garcia Marruz, nasceu em Havana (Cuba)em 1923. Tem publicados
Las miradas perdidas, Visitaciones, Poesias Escogidas, entre outros. Recebeu o Prêmio Nacional de Literatura em 1990.

05/12/2010

Ser poeta....

Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseja por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos.
Carlos Drummond de Andrade



Maputo


O poeta de vivências do povo, não está de joelhos, olhos fechados e cabeça baixa,
enquanto os problemas acontecem. Ele faz uma escolha, compromete-se ideologicamente, assume uma posição humanamente, não metafisicamente. Ele está comprometido com o temporal e o circunstancial, precisamente o mundo que o rodeia. Uma preferência pelo sentido estético da palavra tornada arma, utensílio, libelo. E não a palavra feita simples adorno, simples exercício de ócio burguês em paisagem bucólica.

José Craveirinha, poeta moçambicano, nascido em Lourenço Marques (atual Maputo, a capital de Moçambique). Autor de "Xigubo", "O Grito", "O Tambor", entre outros. Foi laureado com o Prêmio Camões em 1991 - (1922-2003)

Angola


Devia olhar o rei
mas foi o escravo que chegou
para me semear o corpo de erva rasteira.
Devia sentar-me na cadeira ao lado do rei
mas foi no chão que deixei a marca do meu corpo.

Penteei-me para o rei
mas foi ao escravo que dei as tranças do meu cabelo.

O escravo era novo
tinha um corpo perfeito
as mãos feitas para a taça dos meus seios.

Devia olhar o rei
mas baixei a cabeça
doce, terna
diante do escravo.


Em "Manual para amantes desesperados", de Ana Paula Tavares, poeta angolana de Lubango, província de Huíla.

03/12/2010

As amendoeiras feridas morreram

Artesanato marroquino






O dia parou nas minhas rugas desde o momento em que a máquina sangrenta e cinza deles passou sobre a nossa casa. É impressionante esse veículo imenso que abre sua garganta para tragar as poucas coisas que nos restavam: um pedaço de terra, um teto e três amendoeiras. É uma máquina que faz barulho, brilha ao sol e explode em gargalhadas quando triunfa sobre as pequenas flores selvagens e frágeis que tentam se reerguer. Ví seus dentes amarelados pelo sangue da terra se quebrarem sobre um monte de areia. Uma brisa levou as raízes da árvore. O céu se abaixou e as recolheu; acho até que elas moram numa pequena nuvem obstinada que não nos deixa mais desde que ficamos sem teto, sem pátria. Teu irmãozinho correu para tirar da poeira pesada os teus livros de escola. Ficamos com medo. A máquina quase o engoliu.

Feridos em nossa terra, humilhados em nossas árvores, lá estávamos nós três, paralisados e habitados por uma morte repentina. Uma parte de nós mesmos, creio que a maior dela, foi assassinada; eles nos arrancaram tudo naturalmente, na madrugada. Ficamos tranquilos; eles abriram nossas chagas e bebemos nossa morte. Ela tem o gosto de selva; tua mãe diz que ela tem perfume de jasmim. O céu se abriu ao chamado do pássaro órfão. O sol tropeçou naquele dia, pois a injustiça fria cavou seu veio em nossa terra, mosso corpo.


Tahar Ben Jelloun, nasceu em Fes (Marrocos). É filósofo, ensaísta, poeta, escritor com mais de quarenta títulos publicados. Vive em Paris, onde colabora permanentemente para o jornal Le Monde.

02/12/2010

Alfama, Lisboa




O meu mundo não é como o dos outros, quero demais,
exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia
constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou
longe de ser uma pessimista; eu sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa, violenta, atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudades...sei lá de quê !


Carta nº 147 - Florbela Espanca

01/12/2010

Camões no vestibular...



O vestibular da Universidade da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de Camões:

'Amor é fogo que arde sem se ver
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer '.

Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação :

'Ah, Camões!, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a Internete
e descobririas
que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!'

A Vestibulanda ganhou nota DEZ, pela originalidade, pela estruturação dos versos, e das rimas insinuantes.Foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de CAMÕES ERA APENAS FALTA DE MULHER !!