Prometeu sacudiu os braços manietados
E súplice pediu a eterna compaixão,
Ao ver o desfiar dos séculos que vão
Pausadamente, como um dobre de finados.
Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião,
Uns cingidos de luz, outros ensanguentados...
Súbito, sacudindo as asas de tufão,
Fita-lhe a águia em cima os olhos espantados.
Pela primeira vez a víscera do herói,
Que a imensa ave do céu perpetuamente rói,
Deixou de renascer às raivas que a consomem.
Uma invisível mão as cadeias dilui;
Frio, inerte, ao abismo um corpo morto rui;
Acabara o suplício e acabara o homem.
Machado de Assis
"Prometeu", tela de Menashe Kadishman
Prometeu e cumpriu-se a viagem do verbo.
ResponderExcluirBeijos, cirandeira!
Esse Machado sabia muito bem da vida...!
ResponderExcluirBelíssimo, o Prometeu de Machado.
ResponderExcluirFaz refletir.
Abç fra/terno.
Pobre Prometeu... seu sofrimento nos encanta!
ResponderExcluirO sofrimento dele é o nosso de cada dia...haja fígado pra resistir, né não? :)
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