Toda a manhã consumida
como um sol imóvel
diante da folha em branco
princípio do mundo, lua nova.
Já não podia desenhar
sequer uma linha,
um nome, sequer uma flor
desabrochava no verão da mesa:
nem no meio-dia iluminado,
cada dia comprado,
do papel, que pode aceitar,
contudo, qualquer mundo.
A noite inteira o poeta
em sua mesa, tentando
salvar da morte os monstros
germinados em seu tinteiro.
Monstros, bichos, fantasmas
de palavras, circulando,
urinando sobre o papel,
sujando-o com o seu carvão.
Carvão de lápis, carvão da ideia fixa, carvão
da emoção extinta, carvão
consumido nos sonhos.
João Cabral de Melo Neto
UN PENSAMIENTO MUY CREATIVO Y MARAVILLOSO.
ResponderExcluirUN ABRAZO
Nossa, quando a gente lê palavras como essa, a gente fica tão pequeninha e tão grande ao mesmo tempo...
ResponderExcluirQue bonito, Ci.
Beijoss
Pois eu me sinto o pó do lápis! :)
ResponderExcluirFico impressionada com a poesia de
João Cabral, para mim um dos melhores poetas da Literatura Universal!
beijoss
Gracias por la visita, Reltih.
ResponderExcluirun abrazo
E eu amiga, sinto-me o pó das alpercatas desse conterrâneo.
ResponderExcluirVc não é apenas Cirandeira, mas tb é aquela que descobre pérolas.
Não conhecia essa preciosidade do JCMN.
Parabéns.
E um abç fra/terno.
Obrigada, Eurico. Vivo procurando
ResponderExcluirum pouco da luz das estrelas a ver se elas clareiam um pouco o meu caminhar...:)
um abração
Que poema profundo Cirandeira. Lindo!
ResponderExcluirE adorei passear por essa tua casa. Um beijo, F.
Seja bem-vinda, F., espero que voltes sempre, obrigada pela visita!
ResponderExcluirbeijo