Cavalos alados, de Jorge de Lima
Tudo é veleiro sobre as ondas íris,
condores podem ser os baixos ramos,
montes boiarem, aços se delirem.
Vemos ao longe sombras, e são flâmulas,
lábios sedentos, lírios com ventosas,
ódios gerando flores amorosas.
XVIII
Éguas vieram, à tarde, perseguidas,
depositaram bostas sob as vides.
Logo após as borboletas vespertinas,
gordas e veludosas como urtigas
sugar vieram o esterco fumegante.
Se as vísseis, vós diríeis que o composto
das asas e dos restos eram flores.
Porque parecem sexos; nesse instante,
os mais belos centauros do alto empíreo,
pelas pétalas desceram atraídos,
e agora debruçados formam círculos;
depois as beijam como beijam lírios.
XXVII
Há uns eclipses, há; e há outros casos:
de sementes de coisas serem outras,
rochedos esvoaçados por acasos
e acasos serem tudo, coisas todas.
Lãs de faces, madeiras invisíveis,
visão de coitos entre os impossíveis,
folhas brotando de âmagos de bronze,
demônios tristes choros nas bifrontes.
Éguas vieram, à tarde, perseguidas,
depositaram bostas sob as vides.
Logo após as borboletas vespertinas,
gordas e veludosas como urtigas
sugar vieram o esterco fumegante.
Se as vísseis, vós diríeis que o composto
das asas e dos restos eram flores.
Porque parecem sexos; nesse instante,
os mais belos centauros do alto empíreo,
pelas pétalas desceram atraídos,
e agora debruçados formam círculos;
depois as beijam como beijam lírios.
XXVII
Há uns eclipses, há; e há outros casos:
de sementes de coisas serem outras,
rochedos esvoaçados por acasos
e acasos serem tudo, coisas todas.
Lãs de faces, madeiras invisíveis,
visão de coitos entre os impossíveis,
folhas brotando de âmagos de bronze,
demônios tristes choros nas bifrontes.
Tudo é veleiro sobre as ondas íris,
condores podem ser os baixos ramos,
montes boiarem, aços se delirem.
Vemos ao longe sombras, e são flâmulas,
lábios sedentos, lírios com ventosas,
ódios gerando flores amorosas.
Jorge de Lima nasceu em União dos Palmares(AL), em 1893 e faleceu no Rio de Janeiro em 1953.
Tão contraditória e provocadora essas nossas vidas, não é?
ResponderExcluirbeijosss
Imagens raras e lindas as de Jorge de Lima, Ci... Eu gosto. Muito.
ResponderExcluirBeijos,
Contraditória, paradoxal, redundante, e criativa!
ResponderExcluirE o poeta nos mostra através do elemental (que atualmente vem sendo
ignorado) de qual matéria somos realmente feitos!
beijoss
Eu também, Tânia!
ResponderExcluirbeijoss
"...ódios gerando flores amorosas."
ResponderExcluirEsse alagoano, meu conterrâneo - e que prazer sinto em dizê-lo - continua a nos surpreender, pode crer!
Obrigada por esse grande momento, Ci!
[Ando fazendo uns versinhos românticos, não repare, viu? Além do mais, ser alagoana não nos acrescenta a genialidade de Jorge de Lima, rs.]
Beijinhos e uma boa semana!
MUY INTERESANTE PENSAMIENTO. CRUDO REAL.
ResponderExcluirUN ABRAZO
Volto para dizer da transcendência desse quadro, tão místico quanto seu autor. Jorge de Lima, médico, intelectual e artista plástico dos melhores. Ainda guardo lembranças da sua "Nêga Fulô" e do "Anjo" que li na juventude.
ResponderExcluirQue maravilha!Até breve, amiga!
Onde podemos ver/encontrar essa pintura (Cavalos-Alados) original? Em um Museu? Qual?
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