"Quando alguém lê um romance, há uma voz contando a história; quando lê um poema, geralmente fala sobre o que o dono dessa voz está sentindo; mas o principal aqui não é nem o meio nem a mensagem. O principal é que essa voz é diferente de qualquer outra que já se tenha escutado, e ela está falando diretamente com quem lê, comungando de sua privacidade, bem no seu ouvido, e ao seu jeito todo peculiar. Poder estar falando com você, sendo proveniente de séculos atrás ou como se estivesse ali, do outro lado da sala - nada mais atual e próximo, aqui e agora. Os detalhes históricos são secundários; tudo o que importa é que você a escuta - uma presença inegável na sua cabeça, e mesmo assim realmente viva, não importando há quanto tempo essas palavras tenham sido pronuniciadas.. (...) Para um escritor, a voz é um problema que nunca o deixa em paz, e tenho pensado nesse assunto desde quando minha memória alcança - se por nenhuma outra razão, no mínimo porque um escritor, propriamente dito, não se inicia até ter uma voz própria". Alfred Alvarez, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2006.
Poeta, romancista e crítico literário, nasceu em Londres, em 1929.
Bem verdadeiro isso, Ci. E descobrir a própria voz não é um caminho fácil num mundo que padroniza e patologiza o que é singular. Maravilhoso texto.
ResponderExcluirBeijos,
UN MENSAJE MUY INSTRUCTIVO.
ResponderExcluirUN ABRAZO
está dito perfeitamente, Ci.
ResponderExcluira voz que nos acompanha, ou as vozes (na minha cabeça são várias) em algum momento se impõem, criam rosto.
beijos
A voz fala directamente connosco porque nos apropriamos dela, pondo-a ao serviço dos nossos medos, dos nossos anseios, da nossa vontade de respirar...
ResponderExcluirBeijo :)