DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

28/03/2013

Tempo de espera


Até quando esse cruzar de braços, impotente, essa espera?
Até quando ó Senhor Tempo o teu domínio?
E tu, Morte, Por que não te apressaste?
Por que não chegaste antes
Que o Inexorável nos aprisionasse?
Bem-vinda terias sido à casa nossa



II


Triste é a espera que mina aos poucos.
Onde nós dois que nos olhávamos
que nos falávamos que nos tínhamos?
Agora somos sombras,
sombras defazendo-se.
E quase nem lembramos
de quem as sombras somos.
 
 
Quando o futuro for passado
 
 
Quando eu for velha, murcha e bem seca,
  quando os seios que amaste não forem mais o que hoje são.
Quando o colorido escurecer
E o escuro embranquecer,
quando o olhar amortecer,
o andar trôpego duvidar e ruga funda me visitar,
Quando formos já dois velhos
(sim, um dia, pouco a pouco, tudo isto há de chegar!)
quando o futuro for presente e o presente passado...
longos diálogos viverão junto a silêncios,
junto a suspiros.
Quando eu for velha,
 bem velha, que canto terei em mim?
 
 
Marialzira Perestrella, poeta, escritora e psicanalista, nasceu no Rio de Janeiro, em 1916

4 comentários:

  1. um canto mais suave, eu diria.
    o tempo endurece a [ele, mas amolece as entranhas.

    beijão, cirandeira.

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  2. A velhice e os seus ensinamentos, poucos sabem sugar a seiva da sabedoria que o tempo nos proporciona com o seu lento e inexorável passar.
    Belíssimo poema, Ci!
    Amiga, venho também desejar-te, de coração, uma deliciosa Páscoa. Beijinhos!!!

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  3. Ó Cirandeira, de hoje em diante visitarei mais amiúde os meus amigos e amigas dos blogs. É que o face é diferente e não nos permite a reflexão, a pausa para a leitura como aqui, com esse belo poema sobre a maturidade...

    Abraço fra/terno

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  4. TE CONFIESO ALGO: YO ANHELO SER VIEJO. EXCELENTE TEXTO.
    UN ABRAZO

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