Árvore do Mulungu
O mulungu do bebedouro cobria-se de arribações.
Mal sinal, provavelmente o sertão ía pegar fogo.
Vinham aos bandos, arranchavam-se nas árvores da beira do rio, descansavam, bebiam e, como em redor não havia comida, seguiam viagem para o sul. O casal agoniado sonhava desgraças.. O sol chupava os poços, e aquelas excomungadas levavam o resto da água, queriam matar o gado. {...}
Aquela hora o mulungu do bebedouro, sem folhas e sem flores, uma garrancharia pelada, enfeitava-se de penas. {....}
Havia um bater doído de asas por cima da poça de água preta, a garrancheira do mulungu estava completamente invisível. Pestes. Quando elas desciam do sertão, acabava-se tudo. O gado ía finar-se, até os espinhos secariam.
Graciliano Ramos, (1892-1953) em Vidas Secas - Editora Record (1892-1953)
Graciliano é quase uma tatuagem na alma da gente. Excelente escolha, Ci. Beijos.
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