Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor
Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou
E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Chico Buarque de Holanda. - 1966
Essa delícia que chegou como um bálsamo numa época que tudo era grito, heim? Tudo sangrava, era preciso protestar, mas a banada passou e a gente se encanta até hoje. Uma m´susica que sempre "visualizo" inteirinha quando ouço...
ResponderExcluirBom lembrar, beijos, Ci!
OJALA NUNCA DEJÁRAMOS DE SENTIR LA MÚSICA DE LA VIDA. HERMOSISISISISMO POEMA.
ResponderExcluirUN ABRAZO
A era de ouro dos festivais, Chico, Caetano, Gil...tanta coisa boa (ruim também) acontecendo numa época em que a nossa juventude não tinha medo.
ResponderExcluirMas que fazer?
A banda passou...
Tudo certinho lá pelo gmail, Ci.
Beijinhos!
"ver a banda passar" ficou no nosso quotidiano, sabe?
ResponderExcluirContinua dizer-se muito.
Bjjssss