"Naufrágio" de William Turner
Olhos abertos - vagueia o poeta,
mas à sua frente ninguém vê;
de repente alguém o chama
e interrompe sua jornada:
Diga, por que sem rumo vagas
e, quando às alturas chegas,
logo baixas o olhar a prumo
e novamente ao chão te lanças?
Confuso, vês o mundo em ordem,
sentes uma dor que, estéril, arde.
A todo instante, objetos inúteis
te enganam e te atraem.
O gênio sempre busca o céu
e o poeta de verdade
deve escolher temas sublimes
para cantar a realidade.
- Para que no monte o vento corre,
revolve as folhas e varre o pó
se inquieto n'água o navio dorme
à espera de um sopro, só?
Por que, pesada, a águia salta
volteia além da torre alta
e pousa num tronco partido?
Pergunta a ela seu motivo.
Por que a jovem ama Otelo
como ama a lua a noite escura?
Porque não há forma segura
de guiar o vento, águia e donzela.
O poeta, como Aquilon
escolhe o tema, a forma e o tom.
Como a águia, voa longe
e não pede permissão
como Desdêmona, elege
o rumo do seu coração.
Extraído do conto "Noites egípcias", de Aleksandr Sergeievitch Púchkin
(1799-1857)
BELLISIMO POST, EL QUE NOS COMPARTES.
ResponderExcluirUN ABRAZO
Gracias!, Reltih...
ResponderExcluirUn abrazo
Parece até que foi feito para os dias de hoje, pode crer!
ResponderExcluirTudo naufragando em mares envenenados pela cobiça humana.
Amiga, estou me recobrando aos poucos da gripe que apelidei de Fukushima [tenho que rir pra não chorar]. Estou melhorzinha, só a tosse e essa lassidão no corpo me incomodam. Como já estamos perto de tirar férias, só farei mais uns dois posts e volto lá para o final de maio.Viajaremos para São Paulo, interior, na casa dos meus sogrinhos que eu adoro.
Obrigada, de coração, pelo carinho e preocupação.
Beijos e muitíssimo apreço!!!
Ah, o quadro de William Turner é fantástico! Os artistas daquela época sabiam das coisas, embora eu admire muitos dos contemporâneos, mas há os que se aproveitam, rsrs. Bem, chega de discussões por hoje...
ResponderExcluirBeijos, minha amiga!!!
Tudo o que sabemos e fazemos hoje em dia é a
ResponderExcluirpartir deles. Acho até que não acrescentamos
quase nada, a não ser no que se refere à tecnologia, que por sua vez tem nos levado a
autodestruição!
Que bom que já estás te recuperando...:)
beijos